Justiça ordena que Estado entregue corpo de enfermeiro à família em Manaus
Manaus/AM - A Justiça determinou na noite dessa terça-feira (29), que o Governo se mobilize para localizar e entregar, com urgência, o corpo do enfermeiro Gilberto Pinheiro da Silva aos familiares.
A decisão assinada pelo juiz de Direito plantonista Luís Cláudio Cabral Chaves, também estabelece que assim que o corpo for apresentado, seja encaminhado juntamente com cópia integral do prontuário médico do paciente e o Atestado de Óbito, ao Instituto de Medicina Legal (IML).
Caso o procedimento não seja realizado, o estado terá pagar R$ 10 mil por dia de atraso no cumprimento da ordem. “Gil”, como era conhecido, faleceu na madrugada do último domingo (27), de covid-19 no Hospital Delphina Aziz, contudo, o corpo dele desapareceu da unidade e até o momento não foi encontrado.
A esposa e os demais familiares estão revoltados com a negligência do hospital e do estado. Eles exigem que o corpo do enfermeiro seja entregue para que ele possa ser devidamente reconhecido, velado e enterrado.
O juiz que deferiu a queixa-crime apresentada pela esposa de Gilberto também condenou a situação, confira:
“Nessa esteira, faço a seguinte reflexão: O que nos separa do resto dos seres vivos, o que nos faz especiais? Nossa reação diante da morte parece ser uma dessas características. Há outros animais que se lamentam quando morre alguém próximo, que se consolam e sabem que o que aconteceu é irreversível. Mas nenhuma outra espécie honra seus mortos com os complexos rituais humanos. Impedir este direito aos familiares do falecido, ao meu entender, é negar 100 mil anos de evolução da humanidade. O direito de celebrar e honrar os mortos é um fator distintivo da própria civilização, inclusive a mitologia grega narra a história da heroína Antígona que se insurgiu contra as leis e os costumes da época para dar ao seu irmão morto um enterro digno”, pontuou o magistrado em sua decisão.
ASSUNTOS: Amazonas