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ELEIÇÃO PARA REITOR: Proposta de Puga passa por recriar vestibular de UFAM para aumentar oportunidades de estudantes do Amazonas

Por Portal Do Holanda

21/03/2013 7h41 — em
Amazonas



 

Trinta e cinco mil esdudantes, professores e demais servidores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) vão às urnas na próxima quarta-feira (27) para eleger a nova Reitoria. Três chapas disputam a gestão da maior universidade pública do Amazonas. Encabeçando uma delas, o professor doutor Sylvio Puga prega a renovação de valores e a inovação nas ações da instituição, entre elas a descentralização administrativa e orçamentária, e a popularização do conhecimento acadêmico.

Na ótica de Puga, a universidade não pode continuar produzindo conhecimento intramuros, mas deve expandir o saber extramuros, contribuindo para o desenvolvimento social e a ampliação da cidadania. Em visita ao Portal do Holanda, o candidato que divide a chapa com o colega  Waltair Machado aborda questões que, segundo ele, são cruciais e precisam ser resolvidas para que a Ufam alcance um nível de excelência à altura de suas tradições acadêmicas.

Portal do Holanda – Essa chapa promete muitas coisas e tem como um de seus focos a renovação e a inovação no ambiente acadêmico da Ufam. O que o sr. cita como relevante dentro desse foco?

Sylvio Puga – Olha, nós já começamos inovando. A nossa chapa não aponta pró-reitores. Nós não queremos partidarizar a eleição. Terminada a eleição, saindo a nossa chapa vencedora, nós vamos chamar todos para a conciliação e não haverá vencedores nem vencidos. Os pró-reitores serão escolhidos democraticamente dentre os que tiverem o melhor preparo e as melhores referências acadêmicas. Isso é inédito.

PH - uma coisa que muito se fala é quanto ao distanciamento entre a gestão e a comunidade universitária, especialmente quanto aos estudantes. A sua gestão vai ser diferente?

Puga – Este é um dos paradigmas que nós queremos quebrar. A gestão vai sair do gabinete. Nós queremos administrar ouvindo todos. Inclusive nós temos como meta implantar uma Ouvidoria com um Disk-Reclamação, que será um canal de comunicação direta com a Reitoria. O diretor, o professor, o aluno todos vão ter acesso direto à gestão superior. Nós vamos quebrar o paradigma da pirâmide, trazendo o topo para junto da base.

PH – Hoje se comenta que a Ufam se afastou dos amazonenses, ela abdicou do seu próprio vestibular, os aluno do curso de medicina são todos de fora. Como o sr. pretende resolver esse impasse?

Puga – Isso é consequência de uma escolha que não deu certo. Veja só: Em 2012, 932 mil jovens se inscreveram no Enem em São Paulo. Imagine que apenas 1% desses jovens estivesse entre os melhores e resolvessem optar pela Ufam. Só eles ocupariam todas as vagas da nossa universidade. Nós não somos contra nenhum brasileiro que venha estudar na Ufam, mas nós queremos uma distribuição justa, equânime das vagas, só isso. Nós queremos que haja um equilíbrio, e esse equilíbrio vai acontecer quando nós voltarmos ao processo seletivo feito especificamente pela Ufam.
Vamos adotar parte da nota do Enem, e parte da nota do nosso Vestibular. Isso não vai significar retrocesso, ao contrário, significa aperfeiçoamento, porque a cada processo seletivo nós vamos aperfeiçoar o sistema. A maioria das universidades adota esse processo. Não tem porque não se adotar na Ufam. Essa é uma proposta nossa.

PH –Como o sr. pretende resolver a questão da revalidação dos diplomas estrangeiros no Amazonas?

Puga – Nós vamos trabalhar nessa questão dentro do conselho departamental da Faculdade de Medicina, porque ali tem as pessoas mais experientes que conhecem essa realidade e vão nos dar elementos para que a gente possa abalizar essa discussão. Tem a questão interna e tem a questão externa da sociedade. E ainda não há um consenso. Então nós vamos discutir juntamente com a Faculdade de Medicina esta questão.

PH - Quando se fala em pequenos empreendimentos, se fala em incubadoras de projetos. A Ufam não poderia fazer algo semelhante para a preparação de futuros administradores?

Puga - Nós podemos ter na instituição um grande banco de dados de pesquisadores e de pesquisas. E esse bando de dados alimentaria os órgãos de informação, os gestores públicos e a sociedade, para que eles, precisando dessas pessoas, busquem a informação em tempo real. Isso é uma coisa que pode ser feita.

PH – Na questão da tecnologia na universidade, como o sr. pretende melhorar a infraestrutura para que o aluno possa realizar um trabalho de qualidade?

Puga – As inovações que surgem no mundo precisam ser introduzidas na nossa universidade ao mesmo que são lançadas lá fora. Hoje, quando elas chegam aqui já estão defasadas. Nós precisamos ter essa inovação em tempo real. Nós sabemos o que acontece no mundo. O que nós precisamos é ter a vontade do gestor, a determinação de fazer com que esse conteúdo tecnológico e de conhecimento esteja disponível para nós em tempo real. E isso é possível, basta que se diga “olha, parte do nosso orçamento vai ser destinada pra isso”. E isso é uma decisão política de gestão.

PH - Na Ufam e outras universidades federais os cursos de quatro anos se concluem em seis, em razão das greves.

Puga - Primeiro, a greve é um direito garantido na constituição. Então quando ela acontece cada professor escolhe como exercer o seu direito ou não. É uma questão muito delicada, mas temos de garantir o direito.
O professor hoje ele precisa estar cada vez mais atualizado,  cada vez mais preparado, não importa a área de conhecimento em que ele atue. Por isso nós pretendemos investir mais na valorização do professor. Nessa abertura da universidade pública a gente vem falando, nós pretendemos trazer também os recursos. Como nós temos consultores de alto nível aqui, abrindo a universidade para o mercado, as empresas vão poder utilizar essa mão de obra e isso vai fluir capital para a universidade, o qual vai chegar a professores e alunos através de bolsas.

PH – O orçamento de R$ 600 milhões da Ufam, hoje, é suficiente para se fazer uma boa universidade?

Puga - Não. Ele precisa de reforço e essa é uma questão que nós vamos ter de trabalhar ano após ano buscando recursos junto à nossa bancada federal para melhorar a universidade. A universidade cresceu nos últimos anos e a manutenção da estrutura fica mais cara a cada ano. Além disso, nós vamos buscar recursos para projetos nas agências de fomento. Porque as pró-reitorias, só com os recursos orçamentários não têm condições de se manter.
Eu e o professor Waltair temos expertise nessa busca, ela não é fácil, mas também nós não temos aquele conceito da aversão de ir buscar.

PH – A centralização do orçamento também causa problemas de administração. Como o sr. pretende resolver isso?

Puga - A nossa proposta é a descentralização orçamentária. Hoje, o que acontece: Se você tem uma lâmpada que queima lá em Benjamin Constant, isso é resolvido em Manaus. Não faz sentido isso. Então a unidade lá de Benjamin, que se chama Instituto Natureza e Cultura, vai ter o seu orçamento e gerenciamento próprio. Isso já foi feito nas outras universidades, só aqui que não foi.

PH – Só uma universidade federal é suficiente para um estado grande como o Amazonas?

Puga - Queremos também que o governo federal crie novas universidades no Estado. Hoje nós só temos uma universidade federal.  No Estado do Pará, além da Ufopa, tem a UFPA e a de Marabá. Nós temos proposta para criar uma em Parintins e outra no Alto Solimões, em Benjamin Constant. Nós vamos apresentar isso para o MEC, porque eles querem isso também.

 

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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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