RIO — Mais de meia tonelada de alimentos foram descartados por estarem impróprios para o consumo no primeiro fim de semana de Rock in Rio 2017. Ao todo, 605 kg foram jogados fora nas 204 inspeções realizadas nos primeiros dias de evento. Segundo a Vigilância Sanitária, 27 autos de infração foram lavrados para estabelecimentos localizados na Cidade do Rock. Além disso, 28 coletas de alimentos foram feitas para análise laboratorial. Os resultados ficarão prontos nos próximos dias.

No setor de alimentos, os principais problemas encontrados pela equipe foram a falta de higiene e a manipulação errada de alimentos e utensílios. A exaustão inadequada de cozinhas e a falta de equipamentos de proteção também estão entre as irregularidades encontradas nos estabelecimentos do evento.

Neste domingo, a equipe da Vigilância Sanitária retornou ao restaurante estrelado Languiole, responsável pelo bufê da área VIP do festival. Na sexta-feira, cerca de 10 quilos de temperos e 40 quilos de sanduíches foram descartados. A ação foi criticada e questionada pelo sócio do estabelecimento, Jayme Drummond.

— Tenho dez nutricionistas na cozinha controlando a qualidade e toda a operação envolvendo a comida. Fico triste de ver tanta comida boa ser jogada fora. É uma sensação de impotência — afirmou.

O GLOBO acompanhou o retorno da Vigilância Sanitária ao local para a inspeção de monitoramento. De acordo com a subsecretária de Vigilância Sanitária, Márcia Rolim, o restaurante tinha alguns pontos para serem corrigidos e atua de forma "satisfatória".

— Eles estão mantendo o que a gente têm exigido, os cumprimentos legais de asseio tanto na manipulação quanto os equipamentos que eles utilizam. Percebemos que o grande problema continua sendo o piso do contêiner que está muito escorregadio. No entanto, isso não é algo propriamente do restaurante, mas é o oferecido pelo Rock in Rio. Não há ralo para lavar o chão e é necessário passar produto o tempo inteiro. Fica muito engordurado. Além disso, houve casos pontuais, mas nada muito grave. Houve a sujeira de aventais também. Pedimos para mudar e eles mudaram. No demais, está tudo satisfatório para atendimento — explicou.

Durante a inspeção, algumas pessoas questionaram a ação do órgão na área VIP poucos dias após a primeira vistoria. Para muitos, a Vigilância estava "caçando problemas". Márcia, porém, refuta a opinião afirmando que o trabalho do órgão consiste em garantir a segurança alimentar e o pleno funcionamento da lei.

— A Vigilância não atua só em eventos de massa. Exigimos o cumprimento da legislação brasileira. Meses antes do Rock in Rio, a Vigilância forneceu cursos de manipulação de alimentos, explicou como tudo deveria funcionar e entregamos cópias da lei para ser seguida. Ninguém estava desavisado. Todos foram ensinados meses antes e agora estamos cobrando o que ensinamos — explicou.

Além do caso do Languiole, a inspeção no estande da chef Roberta Sudbrack também rendeu críticas à atuação da Vigilância Sanitária. No primeiro dia do festival, 180 quilos de produtos, entre queijos e linguiças usados no estande da chef foram inutilizados pelo órgão, que afirmou que as peças não exibiam no invólucro o carimbo da SIF, o selo de inspeção federal que dá passe livre para que o produto circule em âmbito nacional. Traziam apenas a chancela de órgãos estaduais.