Alunos levam paulada dentro de colégio e acusam homofobia 'Eu vou matar vocês'
Dois estudantes foram agredidos a paulada na tarde da última segunda dentro do Colégio estadual Visconde de Cairú, no Méier, Zona Norte do Rio. O agressor era outro aluno. Um dos jovens levou oito pontos na cabeça. A dupla afirma que foi vítima de homofobia. Os meninos registraram o caso na 23ª DP (Méier).
— Foi homofobia. A gente não falou nada para ele. E ele voltou com ódio. Não tinha motivo nenhum para nos agredir — conta uma das vítimas, que lembra: — Ele estava com um adesivo do Bolsonaro no peito. A gente nunca pensa que pode acontecer com a gente. Estou traumatizado. Minha ficha ainda não caiu.
O caso aconteceu dentro da escola. Eles contam que estavam subindo a escada quando cruzaram com o agressor. O rapaz não era conhecido. . — Era inevitável que a gente olhasse para ele, que estava descendo — conta uma das vítimas.
O aluno afirma que, quando chegou ao andar de cima, olhou pela janela e viu novamente o outro estudante. O agressor, segundo as vítimas, voltou para a escola gritando: "Eu não sou veado. Eu vou matar vocês". Funcionários da escola conseguiram segurar o jovem e tirá-lo da escola. Mas o rapaz conseguiu voltar instantes depois.
— Os amigos abriram o portão dos fundos e ele conseguiu voltar já com o pedaço de madeira na mão. Quando ele nos viu, falou: "Eu não disse que ia matar vocês?". Aí ele deu primeiro uma paulada na cabeça do meu amigo e depois tentou dar na minha, mas eu consegui abaixar e pegou no meu ombro. Depois começaram os socos e chutes. Só quando uma menina se meteu na confusão que a escola toda percebeu as agressões e conseguiram segurá-lo — lembra.
O aluno fugiu da escola após as agressões. A direção cuidou dos ferimentos das vítimas e acompanhou a dupla até a delegacia. Haverá nesta quarta-feira uma reunião na escola para debater a questão. O jovem já voltou a estudar nesta terça-feira. As vítimas, no entanto, decidiram trocar de colégio. Os dois trabalham de dia e estudam durante a noite.
— Não posso continuar nesse colégio que não tem segurança. Está muito perigoso. Eu não piso mais naquele colégio — conta o rapaz.
Procurada, a Secretaria estadual de Educação (Seeduc) informou que não vai se posicionar já que todos os alunos são maiores de idade.
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