Centro de Medicina Indígena oferece oficinas de grafismo em Manaus
Manaus/AM - Um projeto inovador em Manaus tem o objetivo de promover e resgatar o conhecimento ancestral indígena, especialmente voltado para a saúde e bem-estar das mulheres. Intitulado ‘Reconstruindo Teias: Arte e tecnologias de cuidado da mulher indígena’, a proposta traz oficinas de artesanato e grafismo dos povos Dessana e Tukano que entrelaçam os temas com a saúde feminina, ancestralidade e costumes indígenas.
O projeto foi fomentado pelo edital n° 03/2023 da Lei Paulo Gustavo – Chamamento público para os Povos Indígenas – e conta com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, e Governo Federal.
Os grafismos são todas as artes gráficas aplicadas à cultura dos povos indígenas do Brasil, sendo uma maneira de representar ideias, pensamentos, vivências e experiências através de linhas, geralmente geométricas. Os traços criam padrões que se expandem por diferentes culturas e com diversidade de significados.
As oficinas serão realizadas em quatro sábados consecutivos, nos dias 21 e 28 de setembro, e nos dias 5 e 12 de outubro, no Centro de Medicina Indígena Bahserikowi (CMI), localizado na rua Bernardo Ramos, Centro de Manaus, de 9h às 12h. Em todos os encontros, haverá interpretação em Libras.
A atividade é voltada principalmente para mulheres indígenas, mas é aberta a todos os interessados. Serão disponibilizadas 20 vagas, com inscrições já abertas até o dia 13 de setembro, que deverão ser feitas pelo link https://forms.gle/9Ch9PRqbtmsTyfXw9. A seleção dos participantes ocorrerá no dia 16 de setembro.
Oficinas
Nas primeiras duas aulas, o foco será o artesanato Dessana, com os participantes aprendendo a produzir colares, brincos e anéis. Além da prática manual, as instrutoras discutirão sobre práticas de proteção e cura tradicionalmente voltadas para as mulheres, um saber passado de geração em geração.
As últimas duas aulas abordarão o grafismo, técnica de pintura corporal com raízes ancestrais dos povos originários. Carla destaca a importância de compreender os significados dessas pinturas e seu papel na proteção e cuidado das mulheres.
Registro histórico
Além das oficinas, o projeto ‘Reconstruindo Teias’ incluirá a produção de uma série documental com quatro episódios. Os vídeos registrarão as aulas, capturando momentos de ensinamento e troca entre os participantes e as instrutoras, com destaque para as falas do Kumu (figura do pajé para o não indígena) e das instrutoras.
A série será legendada e divulgada nas redes sociais do CMI, buscando democratizar o acesso ao conhecimento indígena. A produção audiovisual também visa fortalecer a divulgação das atividades do CMI, o primeiro do Brasil, e o impacto positivo que gera na sociedade amazonense.
Além disso, o material audiovisual servirá como um registro histórico é uma ferramenta educativa para as futuras gerações, perpetuando os conhecimentos dos povos Dessana e Tukano.
Após a realização do projeto será realizada uma roda de conversa, também com interpretação em Libras, gratuita e aberta ao público geral com o tema “Arte e tecnologias de cuidado da mulher indígena”.
O evento ocorrerá no dia 19 de outubro, no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O objetivo é facilitar o acesso, principalmente para mulheres indígenas.
A roda de conversa será mediada por Carla e Madalena Tuyuca, que debaterão sobre os saberes ancestrais e modernos que as mulheres indígenas e não-indígenas podem usar para melhorar sua qualidade de vida e longevidade.
Segundo Wisu, pretende-se alcançar mulheres que estejam em busca de autocuidado que, combinadas com práticas ancestrais, possam trazer conforto, bem-estar, autoestima e independência para mulheres a partir dos 16 anos.
ASSUNTOS: Agenda Cultural