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Bactéria que causou morte de neto de Lula é comum na pele; entenda

Por Portal Do Holanda

04/04/2019 9h07 — em
Saúde e Bem-estar


Foto: Reprodução

O contato com a bactéria Staphylococcus aureus é mais comum do que muitas pessoas imaginam. Embora em casos extremos possa levar a uma infecção generalizada, ou “sepse” – como ocorreu com o menino Arthur, neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – o micro-organismo é um dos mais presentes na pele humana e na maioria das vezes causa problemas simples, tratáveis com antibióticos.

Os estafilococos são um tipo de bactéria. A espécie mais frequente é justamente o Staphylococcus aureus, mas existem dezenas de outras. Os estafilococos estão presentes na superfície de pele de cerca de 20% das pessoas, e no nariz de 30% dos adultos, o que é considerado normal.

De acordo com o Dr. Juvêncio Furtado, médico infectologista e professor na Faculdade de Medicina do ABC, existem os estafilococos chamados “domiciliares” ou “comunitários”, normalmente sensíveis a antibióticos e que causam infecções menos graves. Mas há também os “hospitalares”, que são bem mais resistentes.

Alguns resistem, inclusive, ao antibiótico meticilina e são conhecidos pela sigla SARM. “A mesma bactéria, em ambientes diferentes, podem adquirir características de resistência maior”, diz o Dr. Furtado.

Essas bactérias podem ser perigosas quando caem na corrente sanguínea, porém são raros os casos em que os estafilococos comuns causem infecções graves. De acordo com a Dra. Ana Escobar, médica pediatra, isso pode ocorrer principalmente por meio de lesões na pele.

Também nos chamados “traumas fechados”, possivelmente provocados por quedas, pancadas ou outros acidentes comuns entre crianças, a bactéria pode se alastrar internamente, sem dar sinais visíveis.

Os estafilococos têm um grande “poder de invasão”, diz a Dra. Ana, e por isso a infecção pode se desenvolver rapidamente. Para impedir uma contaminação mais agressiva, é preciso estar atento aos sintomas de infecção. São sinais de que um processo infeccioso pode ter começado: febre, mal-estar, dores no corpo, cansaço excessivo e vômitos.

Quando houver esses sintomas, um médico deve ser procurado. O diagnóstico ainda nas primeiras 24 horas é decisivo, inclusive para uma eventual confirmação da presença do Staphylococcus aureus. Isso porque ela age rápido no corpo. “Normalmente, demora um dia ou dois para a coisa evoluir”, explica a médica.

As infecções estafilocócicas estão entre as que evoluem mais rapidamente – assim como aquelas provocadas por outro tipo de bactéria, os meningococos, o que levou os médicos do menino Arthur a diagnosticarem uma meningite.

Segundo o Dr. Furtado, o uso exagerado e, às vezes, desnecessário de antibióticos leva à seleção de bactérias mais resistentes. Ainda são raros os casos de contaminação grave com os estafilococos “comunitários”, presentes normalmente na pele, mas isso pode acontecer.

Segundo a Dra. Ana Escobar, a melhor forma de evitar infecções bacterianas por estafilococos é lavar com água e sabão as mãos e o local lesionado por um corte, pequeno acidente, espinhas, etc. “Se saiu sangue, é preciso lavar com água e sabão, sempre o melhor desinfetante, e ficar de olho se começar a aparecer algum sinal de infecção”, ensina.

Se o machucado demorar para cicatrizar ou se houver sinais de inflamação, como vermelhidão, pus ou dor excessiva, é melhor procurar um médico rapidamente. O mesmo vale para casos de “trauma fechado”. É preciso ir ao médico quando houver febre e mal-estar após o incidente.

Para prevenir a contaminação de alimentos por bactérias também é preciso lavá-los bem – assim como as mãos e os utensílios –, evitar que fiquem muito tempo em temperatura ambiente e cozinhá-los cuidadosamente.

Se não for logo identificada e tratada, a infecção pode atingir vários órgãos ao mesmo tempo. “Quando começa a ter uma progressão, a coisa não melhora, pode ser uma bactéria mais resistente”, diz o Dr. Furtado, acrescentando que esse quadro clínico é chamado de “sepse” ou “septicemia”.

As bactérias podem provocar os mais diversos tipos de infecção: nos pulmões (pneumonia), nos ossos (osteomielite), no coração (endocardite), nas membranas que envolvem o cérebro (meningite), entre outras.

Quando a infecção atinge vários órgãos de forma descontrolada, ocorre um “choque séptico”, um quadro ainda mais grave que o da sepse. Quando isso ocorre, a chance de mortalidade é de aproximadamente 80%.

O choque, entretanto, é algo mais comum em pacientes já hospitalizados. Isso pode ocorrer após um agravamento da infecção generalizada, atingindo todo o organismo de forma sistêmica.

A queda da pressão arterial é o que leva à falência múltipla dos órgãos e, consequentemente, à morte. “O nosso corpo fica como se fosse um campo minado. No fim, ele não consegue proteger mais nada e essas minas começam a estourar”, acrescenta Dra. Ana. “Isso afeta a capacidade de manter a pressão arterial, um fluxo sanguíneo adequado, oxigenação do sangue, etc.”

 


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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