Porto Maravilha sob nova administração
RIO - Hoje é feriado, dia de cariocas e turistas ocuparem a Orla Conde. Mas, para a região, que passou por profunda revitalização e viveu momentos de glória nos Jogos Olímpicos, a data ganha um novo significado, com a concessionária Porto Novo reassumindo as atividades do projeto Porto Maravilha. A retomada do contrato, interrompido em 5 de julho, ocorre após a prefeitura fazer um aporte de R$ 150 milhões no capital da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), garantindo a manutenção e a realização de obras na área até junho de 2018. Além disso, por meio de uma parceria com a iniciativa privada, o município vai instalar uma roda-gigante de 88 metros de altura no boulevard, numa área entre o AquaRio e o edifício Aqwa Corporate. A previsão é que ela comece a girar até o início do ano que vem, batizada de “Estrela do Rio”.
CAIS SERÁ MUNICIPALIZADO
Desde janeiro, a Porto Novo estava sem receber a verba mensal para manutenção e operação da infraestrutura da região e, segundo o presidente da Cdurp, Antônio Carlos Mendes Barbosa, a dívida chegou a R$ 80 milhões. Os problemas financeiros começaram porque o fundo da Caixa Econômica, que comprou da prefeitura certificados autorizando investidores a construir de acordo com novos gabaritos na região, não conseguiu revender os papéis, como pretendia. Pouco mais de 8% dos documentos, batizados de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), foram negociados. Por conta disso, o fundo da Caixa se declarou sem liquidez, em maio de 2016, e parou de fazer as transferências à Cdurp, braço da prefeitura encarregado de repassar o dinheiro para a concessionária.
Com o aporte de R$ 150 milhões, a Cdurp adquiriu cotas do fundo, que voltou a ter liquidez.
— O fundamental agora é gerar recursos para revitalizar a área, que vai até a Central do Brasil. Além da manutenção da Orla Conde, que precisa de limpeza, iluminação e arborização, por exemplo, ainda temos grandes obras para fazer em locais como a Avenida Francisco Bicalho, a Rua do Livramento e a própria Central, por onde já passa o VLT — diz Barbosa.
Segundo o presidente da Cdurp, a municipalização do Cais da Gamboa, que também contribuirá para revitalizar a região, está bem encaminhada. A negociação é com o Ministério dos Transportes.
— O boulevard hoje acaba no AquaRio e tem 3,5 quilômetros de extensão. Com a área do cais, ele chegaria à Rodoviária e teria seis quilômetros, sem interrupção. Não existe nada parecido no mundo. A área será batizada de Parque do Trabalhador — diz Barbosa, acrescentando que a área terá outros investimentos: — A Secretaria de Habitação já aprovou a construção de 268 unidades do Minha Casa Minha Vida.
Dona de um food truck estacionado ao lado da Praça Mauá, Andréia Constantino está otimista em relação às melhorias.
— No fim de semana já vi fiscalização da Porto Novo na área. Estava muito abandonado, com ambulantes circulando e botando mercadorias no chão, atrapalhando os visitantes.
Desde julho, a manutenção no boulevard estava a cargo de órgãos municipais, como a Secretaria de Conservação. Quem frequenta a região regularmente, como a estudante de turismo Marcela Vitória Domingos, reclama, por exemplo, de falhas no piso de mármore, da grama seca na praça e da falta de banheiros públicos.
— Trouxe turistas aqui no domingo de manhã e eles não puderam ir ao banheiro — contou Marcela, que ontem fazia piquenique com colegas de turma em frente ao Museu do Amanhã. — Olha essa grama seca. Também podiam plantar mais árvores, para termos mais sombra.
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