Delegado de Copacabana descarta a existência de grupo organizado para agredir e matar moradores de rua
RIO - Ao contrário de seu colega da Delegacia de Homicídios (DH), Daniel Rosa, responsável pela investigação sobre o assassinato da moradora de rua Fernanda Rodrigues dos Santos, de 40 anos, o delegado Gabriel Ferrando, titular da 12ª DP (Copacabana), descartou na tarde desta quinta-feira a possibilidade de existir no bairro um grupo organizado agindo para agredir e executar moradores de rua. Ferrando revelou que até o momento, com base em registros de ocorrências e informações colhidas por seus policiais, isso não foi detectado.
— O que posso falar, afirmar, é que no caso aqui de Copacabana, na jurisdição da 12ª DP, eu não detectei, ainda, um movimento organizado para agredir ou exterminar pessoas que vivam nas ruas. Em Copacabana não foi detectado, num primeiro momento. Agora é claro que nada pode ser descartado— afirmou Gabriel Ferrando.
O delegado Daniel Rosa, da DH, disse nesta quinta-feira que vai investigar a possível ligação dos assassinos com grupos de justiceiros de Copacabana, na Zona Sul do Rio. Cláudio José Silva, de 37 anos, que é lutador de MMA; e o estudante de Medicina Rodrigo Gomes Rodrigues, de 24 anos, foram presos na terça-feira. O delegado afirmou ainda que, após a prisão da dupla, recebeu informações que podem ajudar a descobrir a ligação deles com algum desses grupos.
Para Gabriel Ferrando é muito prematura falar de uma ação deliberada de um grupo.
— Não existe nada recente no sentido de falar numa organização por trás de agressões de moradores de rua. Aqui em Copacabana isso não ficou caracterizado. Não foi detectado, num primeiro momento, uma ação de um grupo voltado para praticar agressões contra moradores de rua — disse Ferrando.
O delegado titular da Delegacia de Copacabana revelou também que vai verificar uma postagem de um homem, feito na página do Alerta Leblon, compartilhado na página Alerta Copacabana, em que ele sugere supostamente fazer parte de um grupo organizado que agredir moradores de rua e flanelinhas na Zona Sul.
— Pedi para os policiais investigarem o caso. Instalamos uma VPI (Verificação Preliminar de Inquérito). Vamos localizar e ouvir o autor da mensagem — informou o delegado. A página Alerta Copacabana foi criado no Facebook em junho de 2015 e tem inúmeros seguidores.
No texto, postado às 13h19m do dia 5 de novembro, o homem afirma que faria parte de um grupo de “massagistas” do Leblon e que o bando atacou um flanelinha. A mensagem compartilhada começa com o título: “Os moradores do Leblon estão acordando, o que é que os de Copacabana estão esperando?”. Ele descreve como os motivos que levaram o grupo a agressão ao guardador de carro. “Esse vagabundo teve a cara de pau de querer achacar e ameaçar um idoso que parou esse carro cinza. Queria que ele pagasse 10 reais de estacionamento irregular. Isso tudo na frente do Jobi”. (...) “Levamos ali para a Rainha Guilhermina, aplicamos uma boa massagem e avisamos que se voltasse aqui, a próxima seria até dormir”. O texto tem foto da suposta vítima.
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