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Arquitetura de grife na paisagem carioca

Por Agência O Globo

19/11/2017 7h11 — em
Rio de Janeiro



RIO — As paisagens naturais são o principal trunfo — e atrativo turístico — da cidade, mas o Rio de Janeiro também oferece um roteiro interessante a quem busca preciosidades arquitetônicas. Nas zonas Sul e Oeste e no Centro, o cenário urbano tem prédios com grife, que, além do desenho e das linhas arrojadas, carregam até a assinatura de vencedores do prêmio Pritzker, o mais importante do setor. A lista inclui obras que já se incorporaram há tempos à cena carioca, como a polêmica Cidade das Artes, do francês Christian de Portzamparc, na Barra da Tijuca, e o Hotel Fasano, do seu conterrâneo Philippe Starck, em Ipanema, além de empreendimentos que acabaram de abrir as portas, como o Aqwa Corporate, projeto do inglês Norman Foster, que teve o primeiro de seus dois edifícios na Zona Portuária inaugurado. Nos próximos dois anos, este mapa promete, enfim, ganhar um novo ponto de visitação: começa a ser erguido, em Copacabana, um residencial com serviços da iraquiana Zaha Hadid, primeira mulher a ser laureada com o Pritzker.

O período anterior à Copa e à Olimpíada foi o que concentrou o maior número de projetos assinados por arquitetos estrangeiros em terras cariocas. Em 2013, com uma profusão de canteiros de obras pela cidade, aportaram por aqui nomes como o do espanhol Santiago Calatrava, que desenhou o Museu do Amanhã, na Região Portuária, e o americano Richard Meier, que idealizou o Leblon Offices, prédio comercial de fachada coberta de brises (que permite controlar a iluminação e a ventilação do ambiente) e pátio interno com jardim vertical, na Avenida Bartolomeu Mitre.

No Porto, o Aqwa Corporate, edifício de 90 metros de altura e 21 andares, com estrutura metálica aparente e fachada de vidro, tem formato inspirado nos navios. Criado pelo escritório de Norman Foster, em parceria com a RAF arquitetura, foi instalado na Via Binário — oficialmente, Avenida Oscar Niemeyer — para abrigar empresas, mas estreou mês passado numa função que permite aos curiosos irem se familiarizando com a construção: até dia 30, o endereço é sede da Casa Cor.

Rodrigo Sambaquy, um dos arquitetos da RAF que participaram do projeto, diz que o visitante deve ficar atento aos detalhes ao entrar no prédio.

— É um edifício sofisticado, mas numa área industrial. Uma das características do Foster é adequar sua arquitetura às questões regionais, trabalhando com a cultura e as características do local onde o prédio vai se situar. Para isso, pesquisamos pedras brasileiras e usamos granito do Espírito Santo. A pedra bruta do painel da entrada junto às escadas rolantes, por exemplo, é o granito black cosmic — conta ele, acrescentando que o projeto prevê duas torres que “se tocam, com uma praça embaixo” (a segunda fase da obra, no entanto, ainda não tem previsão para começar).

O estilo do residencial com serviços projetado por Zaha Radid é mais orgânico. A fachada do empreendimento, que terá 30 unidades e ficará na Avenida Atlântica, remete às ondas do mar. As obras, informa o empresário Omar Peres, começam em janeiro de 2018.

— Ela se apropriou das imagens das ondas do mar e do calçadão da Praia de Copacabana e fez uma simetria. A fachada será com concreto pré-fabricado, em formas especiais, algo nunca realizado antes no Brasil — diz o engenheiro Antônio Carlos Mello Affonso, responsável pela obra.

Para o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), Jerônimo de Moraes, a integração entre profissionais brasileiros e estrangeiros é benéfica, porque permite a troca de experiências.

— A arquitetura é um fenômeno cultural. É importante o intercâmbio, não apenas por uma exigência legal, mas por facilitar o trabalho, já que o arquiteto local conhece a legislação urbanística, sabe pesquisar o material. Infelizmente, com a crise, este movimento diminuiu — comenta Moraes, ressaltando que a troca é uma via de mão dupla — A qualidade da arquitetura brasileira não deve nada à internacional. Muitos profissionais daqui estão atuando no exterior com escritórios locais.

No mapa carioca de prédios com grife, um dos mais icônicos fica pertinho do setor 2 do Sambódromo, no terreno onde funcionava a fábrica da Brahma. É o Eco Sapucaí, empreendimento corporativo com 86,5 mil metros quadrados, concebido por Oscar Niemeyer e desenvolvido pelo escritório do arquiteto Ruy Rezende, inaugurado em 2015.


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