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MPF denuncia Mouhamad Moustafa, coronel Aroldo e outros sete por crime de tortura

Por Portal Do Holanda

23/07/2018 9h53 — em
Amazonas


Foto: Reprodução

Manaus/AM - O Ministério Público Federal  denunciou à Justiça Federal o médico e empresário Mouhamad Moustafa, a empresária Priscila Marcolino, a enfermeira Jennifer Naiyara Yochabel e outros seis policiais civis e militares pelo crime de tortura contra Gilmar Fernandes Correa e André Paz Dantas, ex funcionários da empresa Salvare, envolvida em uma organização criminosa que desviava milhões de reais da saúde pública do Estado do Amazonas, desarticulada na Operação Maus Caminhos. As vítimas foram acusadas pelos autores do crime de desvios de dinheiro dentro do próprio esquema de corrupção.

De acordo com o MPF, em junho de 2016, Priscila havia alertado Mouhamad que Gilmar e André, na época empregados no setor de contabilidade da Salvare, teriam desviado recursos da folha de pagamento da empresa para benefício próprio. Mouhamad então determinou que Jennifer Silva, marcasse uma reunião mais reservada com Gilmar e André, usando a desculpa de que haveria necessidade de um serviço contábil na sede da Salvare e de lá iriam para a sede da empresa Total Saúde, que também fazia parte do grupo empresarial.
 
Após deixar a Salvare, Gilmar e André seguiram de carro com Jennifer, que alegou a necessidade de passar na casa dela para buscar um documento antes de seguirem para a sede da Total. Já na casa de Jennifer, as vítimas foram convidadas a entrar no imóvel, onde o Coronel Aroldo da Silva Ribeiro, com arma em punho, ordenou que Gilmar e André fossem algemados. Depois disso, Mouhamad chegou ao local e colocou sobre a mesa um revólver, falando para Gilmar e André que “a casa tinha caído”, referindo-se à descoberta dos desvios na empresa. O médico então diz que ambos deveriam confessar, além de indicar se alguém mais estaria envolvido no esquema de desvio.
 
De acordo com áudios interceptados pela Polícia Federal, Mouhamad, com voz autoritária, dá duas opções para Gilmar e André: eles assinariam um acordo extrajudicial ou seriam presos e mortos na cadeia. O acordo extrajudicial consistia na demissão voluntária de Gilmar, em que ele declararia ter recebido todos os valores a que poderia ter direito e entregaria o seu carro para Mouhamad. Já para André, os termos do acordo especificariam que ele não poderia entrar na Justiça contra as empresas Simea e Total Saúde, além de elaborar uma carta pedindo demissão da empresa. Depois de horas de violência psicológica, Gilmar e André confessaram os fatos desejados por Mouhamad e assinaram documentos de rescisão de contrato de trabalho e quitação de verbas rescisórias, apesar de nada receberem.
 
Na ação penal, o MPF pede a condenação de Mouhamad Moustafa, de Priscila Coutinho, de Jennifer Silva e dos seis policiais pelo crime de tortura, previsto na Lei nº 9.455/97.  A pena prevista para a prática da tortura para obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa é de reclusão de dois a oito anos, aumentada de um sexto a um terço quando o crime é cometido por agente público. O MPF requer ainda a suspensão dos policiais do exercício da função pública.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: maus caminhos, Mouhamad Moustafa, Amazonas

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