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Ministério da Saúde libera uso de tratamento de raiva humana em paciente internada no Tropical

Por Portal Do Holanda

21/11/2017 21h39 — em
Amazonas



O Ministério da Saúde (MS) autorizou, nesta terça-feira (21/11), a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), a utilizar como tratamento da menina de 10 anos, que está internada na unidade com encefalite viral, o protocolo de “Milwaukee”. Também conhecido no Brasil como “Protocolo de Recife”, o procedimento consiste em um tratamento experimental para raiva em seres humanos.

“É um protocolo de procedimentos com uso de antivirais para tratar paciente com encefalite provocada pelo vírus da raiva. Não temos ainda a confirmação via exames, mas não precisamos disso para aplicar o tratamento. Mesmo não sendo confirmada a raiva, aguarda-se ação dos medicamentos por se tratarem de antivirais”, afirma o infectologista da FMT-HVD, Antonio Magela, que está acompanhando o caso.

O tratamento será feito com dois antivirais, a biopterina e a amantadina, enviados pelo MS nesta terça-feira e que deverão chegar nesta quarta (22/11) a Manaus para serem utilizados de imediato na paciente que está em coma na unidade. Segundo Magela, o protocolo conta ainda com o uso de sedativo, que neste caso não será necessário, tendo em vista o estado de coma da paciente.

De acordo com o infectologista, o tratamento é responsável pelos três únicos casos de cura de raiva humana registrados no mundo – o primeiro de uma norte-americana; o segundo de um adolescente de Recife, que contraiu raiva após ser mordido por morcego e um terceiro caso de cura na Colômbia. Em comum está o mesmo tratamento.

A menina, que está internada desde o dia 17 de novembro na FMT-HVD, veio da comunidade de Tapira, no rio Unini, no município de Barcelos. Um rapaz de 17 anos, que faleceu na quinta-feira (16/11), no Pronto Socorro 28 de Agosto, também está sendo investigado pelas autoridades sanitárias do Estado. Um terceiro caso da mesma comunidade, um homem de 44 anos, que também estava no hospital da Fundação, teve resultado de exame de liquor descartado para encefalite viral.

Uma das hipóteses da encefalite viral detectada em dois dos três pacientes é para a raiva humana, com base na evolução dos sintomas e o histórico dos pacientes para mordida de morcego. Porém, a investigação trabalha com outras hipóteses de infecção por arbovírus comuns em área de floresta. Na comunidade, de onde vieram os pacientes, há registros de pessoas mordidas por morcegos.

Investigação 

No último domingo, uma equipe de vigilância ambiental da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) chegou à comunidade para diagnóstico situacional na área e ações de prevenção. Nesta terça-feira, uma segunda equipe foi para a comunidade, composta pelo chefe do Departamento de Vigilância Ambiental da FVS-AM, um biólogo e um médico veterinário, ambos com experiência na prevenção e controle de eventos que envolvem morcegos, além de dois profissionais de enfermagem oriundos da Secretaria Municipal de Saúde de Novo Airão.

De acordo com a diretora presidente da FVS-AM em exercício, Rosemary Costa Pinto, o reforço deve-se ao deslocamento dos comunitários de outras localidades em busca de atendimento em Tapira. “A nossa primeira equipe solicitou que fossem enviadas mais 500 doses de vacina para tratamento antirrábico humano para Barcelos e 250 doses para Novo Airão, além de 60 doses de soro antirrábico para Barcelos”, diz.

Rosemary salienta que os técnicos da FVS-AM que encontram-se na comunidade iniciaram a coleta de espécimes de morcegos hematófagos, bem como a aplicação da pasta vampiricida, usada para o controle da população desses animais e busca ativa de outros casos suspeitos em humanos, além da intensificação da vacinação de cães e gatos que estava em andamento na comunidade.

Agressões 

Os casos de agressões a humanos estão sendo atendidos pelo médico e equipe de enfermagem de Barcelos. “A comunicação com a nossa equipe é precária, por conta da comunidade ser localizada em uma área remota. As primeiras informações são de que havia vários comunitários agredidos por morcegos, e para estes casos, é recomendável sorovacinação antirrábica profilática em até 48 horas após a agressão”, salienta.

Até o momento, não foram encontrados novos casos de pessoas sintomáticas com encefalite viral, pontuou Rosemary.

 


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