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Acendeu a luz vermelha. E agora ?


Por Raimundo de Holanda

25/04/2016 23h59 — em
Bastidores da Política



Depois que o Supremo Tribunal Federal  decidiu, semana passada, pela quebra de sigilo fiscal e bancário do ex-governador e atual senador José Agripino Maia (DEM-RN) , investigado pelo suposto recebimento de dinheiro da empreiteira OAS, responsável pela construção da Arena das Dunas, acendeu  a luz  vermelha para os demais ex-governadores que contrataram  empreiteiras para  realização do obras em pelo menos quatro estádios da copa, entre os quais a Arena Amazônia.

Essa também foi a razão pela qual o ex-ministro Eduardo Braga resolveu reassumir o Senado, depois de anunciar  que iria tratar da saúde  antes de retornar à casa legislativa. Com  o retorno ao Senado,  Braga recuperou a imunidade parlamentar, instituto que lhe garante foro privilegiado em caso de uma investigação ou improvável mas sempre possível pedido de prisão, busca ou apreensão.

Braga, entretanto, confirmou ontem o pedido de licença junto à mesa do Senado  para tratamento de saúde, o que significa que ficará de fora da votação do processo de impeachment da presidente Dilma. Sua mulher, Sandra Braga, também  permanecerá afastada. É que pelo regimento do Senado, o suplente só assume se a  licença do titular for superior a 120 dias, o que deixa o Amazonas nesse período com apenas dois senadores para discutir e votar questões importantes para o País.  

PT PODE APOIAR AMAZONINO

Se Amazonino resolver mesmo ‘abraçar’ a candidatura majoritária do PDT à prefeitura de Manaus, a militância do PT, que ao longo do tempo o teve como inimigo ‘visceral’ vai ter de empunhar a bandeira vermelha para saudar o Negão nos comícios. Pelo movimento nos bastidores do Planalto, isso poderá acontecer logo, uma vez que o governo se reaproxima dos parceiros fiéis para disputar prefeituras. No Amazonas o PT tem sido coadjuvante nas majoritárias: fez seis prefeitos em 2008 e em 2012 apenas quatro, dois já mudaram de partido. Amazonino e o presidente do partido Carlos Luppi são velhas raposas que se entendem e conhecem os meandros da política.

MAIS UMA AÇÃO CONTRA NIOCOLAU

Derrotado junto à comissão de sindicância do MPE em sua pretensão de incriminar o ex-procurador-geral de Justiça, Francisco Cruz, o deputado Ricardo Nicolau agora terá de enfrentar os processos que contra ele correm no TCE e na Justiça. Acusado pelo MPE de desviar mais de R$ 5 milhões na construção do edifício-garagem quando era presidente da Assembleia, Nicolau usou o velho artifício de ‘combater fogo com fogo’. Pode ganhar mais uma acusação, por “suspeita de falsidade documental” na acusação que moveu contra Cruz.

SAINDO DE CIMA DO MURO

O ex-presidente FHC mostrou que continua lúcido e antenado nos fatos políticos. Por isso está disposto a apoiar a participação do PSDB em um eventual governo de Michel Temer, da mesma forma que aconteceu no governo Itamar Franco. Do outro lado do tucanato, o governador Geraldo Alckmin, que só pensa em disputar mais uma vez a presidência em 2018, não quer que o partido se ‘misture’ com o PMDB que já foi aliado do PT e ajudou a levar o país à crise atual. Na sexta-feira, a executiva reúne para decidir.

JOGANDO NO DESESPERO

Sem votos no Senado para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo vai continuar jogando no desespero para tentar judicializar o processo junto ao STF. A AGU já tem tudo pronto para ingressar com pedido de nulidade da decisão da Câmara, logo após a votação de admissibilidade da comissão do Senado. O ministro José Eduardo Cardozo quer convencer os ministros do Supremo que não existe crime de responsabilidade nas acusações contra Dilma. Ainda nesta semana ele deverá apresentar a defesa da presidente junto à comissão. 

 

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ASSUNTOS: #bastidoresdapolítica, #impeachment

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.