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Turquia enfrenta ameaças de inimigos estrangeiros e domésticos

Por Agência O Globo

29/06/2016 3h52 — em
Mundo



ISTAMBUL - Há algum tempo, explosões já não são eventos raros na Turquia. Considerado durante muito tempo um bastião de estabilidade entre a Europa e o Oriente Médio, o país entrou em um período de alta tensão se dividindo entre o conflito contra a guerrilha separatista do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo), no Leste do país, e a luta para evitar que a violência da guerra civil na Síria atravesse as fronteira. O Estado Islâmico (EI) apontado pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, como possível realizador do atentado de ontem, também esteve por trás do ataque em Ancara, em outubro do ano passado, considerado o mais letal da História moderna da Turquia, que deixou 103 mortos e mais de 400 feridos.

Apesar de realizarem ataques em diferentes partes do país, tanto o EI quanto grupos curdos como Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK, na sigla em curdo), uma dissidência do PKK, cada vez mais concentram suas forças nas grandes cidades do país, Ancara e Istambul, onde até então a violência era restrita a escritórios partidários, em especial os das legendas esquerdistas e os do Partido Democrático do Povo (HDP, na sigla em turco), de orientação pró-curda, muitas vezes com a participação de grupos nacionalistas. O Partido da Frente de Libertação Popular Revolucionária (DHKP/C, na sigla em turco), guerrilha de extrema-esquerda banida do cenário político, também realiza ataques periódicos contra policiais e embaixadas de nações ocidentais.

A proximidade com a Síria transformou a Turquia no principal destino de combatentes que se juntavam ao EI, e o país recebeu críticas pela porosidade de suas fronteiras. O PKK acusou Ancara de ignorar deliberadamente ameaças extremistas, enquanto o grupo jihadista condenou o governo turco, classificando-o como “apóstata e alinhado com os cruzados”, prometendo, em suas publicações digitais, “conquistar Istambul”.

Além das tensões com a Rússia, que afastaram um dos principais grupos de turistas que vistavam o país, os atentados foram um duro golpe contra o turismo, setor responsável por cerca de 11% do PIB turco. Dados do primeiro trimestre apontam uma queda de 6,44% em relação a 2015, e a procura por hotéis no país diminuindo em até 70%. Segundo a BBC, a retração no setor pode chegar a 40% em 2016. Embora o país ainda atraia milhões de turistas anualmente, a França exortou seus cidadãos a “serem mais vigilantes” em pontos turísticos, enquanto o Reino Unido alertou para a possibilidade de “novos ataques que podem acontecer de maneira indiscriminada e afetar locais visitados por estrangeiros”.

A onda de ataques deixou até mesmo os próprios cidadãos turcos com medo de frequentar grandes espaços abertos e locais como shopping centers.

— Estamos vendo uma intensificação cada vez maior da violência — afirma Menderes Cinar, professor da Universidade Baskent, em Ancara.


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