FILADÉLFIA - Em seu discurso na convenção, Bernie Sanders agradeceu voluntários, apoiadores e o “movimento” que foi criado com sua campanha, e tratou de defender a divisão e tentar criar a unidade, que falhou de manhã:

— Eu entendo que muitas pessoas aqui e em todo o país estão desapontadas com os resultados finais do processo de nomeação (do candidato democrata). Eu acho que posso dizer que ninguém está mais decepcionado que eu. Mas, para todos os nossos apoiadores, aqui e em todo o país, espero que vocês tenham um orgulho enorme das realizações históricas que temos alcançado — disse, após minutos sendo ovacionado.

Sanders garantiu que Hillary vai nomear juízes progressistas para a Suprema Corte e que ela assumiu sua promessa de tornar os cursos universitários gratuitos para quem ganha até US$ 125 mil por ano. E lembrou outras propostas progressistas suas que foram aceitas pela campanha.

— Nestes tempos estressantes para nosso país, esta eleição deve ser sobre quem une as pessoas, e não quem cria divisões — afirmou. — Não é segredo que Hillary e eu discordamos em uma série de questões. Isso é o que a campanha tratou, isso é o que é a democracia. Mas estou feliz em dizer que a comissão da plataforma democrata fez uma profunda aproximação entre as duas campanhas e produzimos, de longe, o programa mais progressivo da história do Partido Democrata.

O senador de Vermont — que afirmou que irá lutar para que a plataforma seja aplicada — lembrou ainda que conhece Hillary há 25 anos e que ela tem uma história de luta:

— Hillary Clinton será uma presidente excelente e estou orgulhoso de estar com ela aqui esta noite.

Mais cedo, o escândalo do vazamento dos e-mails da cúpula do partido, que indicam que os caciques da legenda trabalharam para favorecer a ex-secretária de Estado nas primárias, deu ainda mais argumento aos que querem contestar os resultados, alegando que Sanders foi boicotado.

As vaias ao nome de Hillary chegaram a ser mais fortes que os aplausos de apoio à candidata, mostrando uma legenda muito dividida. Protestos do lado de fora do Wells Fargo Center e no centro histórico da cidade ajudaram a completar o clima de enfrentamento dentro da legenda. Houve manifestações defendendo, inclusive, a saída dos progressistas do partido. Justo num momento em que o republicano, Donald Trump, aparece à frente de Hillary em pesquisas eleitorais.