Compartilhe este texto

Republicanos saem em defesa de Sessions após críticas de Trump

Por Agência O Globo

20/07/2017 21h07 — em
Mundo



WASHINGTON — O mais novo alvo da metralhadora giratória verbal de Donald Trump é um dos seus seus mais leais soldados: o procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, que ontem disse em entrevista não ter planos de renunciar — um dia após ter sido criticado pelo presidente por declarar-se impedido de supervisionar a investigação da suposta interferência russa nas eleições do ano. Incomodados com a atitude de Trump, inúmeros republicanos, grupos conservadores e articulistas na imprensa saíram em defesa de Sessions, elogiando sua integridade e insistindo que não há motivos para uma renúncia. E muitos fizeram críticas abertas ao presidente.

— Acho que Jeff Sessions está sendo e continuará sendo um excelente procurador-geral — afirmou o congressista Chris Collins, de Nova York.

Outro que defendeu Sessions foi o senador Walter Jones, da Carolina do Norte, que classificou os comentários de Trump de “inapropriados”.

— O procurador-geral fez o que achou que precisava fazer com base na lei, e estou muito desapontado que o presidente faça esse tipo de declaração sobre um homem com quem eu não concordo em tudo — disse Jones ao site “The Hill”.

O grupo conservador Americans for Limited Government (ALG) também emitiu uma nota em defesa de Sessions, classificado-o como “um procurador-geral excelente”, e o elogiando por criticar a imigração ilegal e a suposta guerra contra a polícia.

— Qualquer tentativa de removê-lo do cargo seria um erro catastrófico — advertiu o presidente da ALG, Rick Manning.

Após as críticas de Trump, Sessions fez questão de dizer numa entrevista que amava seu trabalho e planejava continuar no cargo.

— Nós amamos esse trabalho, amamos esse departamento, e eu planejo continuar aqui enquanto for apropriado — assegurou Sessions, ao lado do vice-procurador-geral, Rod Rosenstein, e do diretor interino do FBI, Andrew McCabe, que também foram alvo do presidente durante a entrevista de quarta-feira ao jornal “New York Times”.

CASA BRANCA: PRESIDENTE CONFIA NELE

Sessions, o primeiro senador republicano a declarar apoio à candidatura de Donald Trump, chegou ao cargo de procurador-geral graças ao presidente, a quem ajudou a montar sua equipe na Casa Branca. Mas a lua de mel acabou após ele declarar-se impedido de liderar as investigações sobre a Rússia, pelo fato de ter omitido ao Senado em seu processo de confirmação no cargo que tivera encontros com o embaixador russo nos EUA em 2016. Contrariado, Trump se disse arrependido de sua escolha — e a tornou pública essa frustração anteontem, de uma forma que chocou o país.

— Sessions nunca deveria ter se declarado impedido. Se eu soubesse que ele iria fazer isso, teria escolhido outra pessoa — afirmou Trump ao jornal americano. — (A decisão do procurador) Foi extremamente injusta, e estou usando uma palavra suave, para o presidente.

Trump também não ficou satisfeito com a postura de Sessions durante as audiências no Senado que antecederam sua nomeação. O procurador-geral garantira que nunca se tinha reunido com representantes russos durante a campanha presidencial, mas já no cargo descobriu-se que ele se encontrara com Sergey Kislyak, embaixador da Rússia nos EUA.

— Sessions deu respostas ruins — declarou Trump, sobre o desempenho do procurador-geral nas audiências.

Ontem, a porta-voz da Casa Branca Sarah Sanders tentou colocar panos quentes na polêmica e disse que, embora estivesse desapontado com a atitude de Sessions, Trump “claramente tem confiança nele, ou ele não seria o procurador-geral”.

Na longa entrevista ao “New York Times”, Trump ainda mirou no promotor especial designado para assumir a investigação, Robert Mueller, dizendo que ele cruzaria uma “linha vermelha” se começasse a investigar suas finanças pessoais.

— Eu acho que isso é uma violação. Olhe, isso é sobre a Rússia.

A Casa Branca comentou a declaração, mas Sanders lembrou que Trump “não tem intenção” de demiti-lo.

— Ele (Trump) está tentando deixar claro que o objetivo da investigação é a suposta interferência da Rússia na eleição e que esse deve ser o foco, nada além disso — disse.

UM EM 8 ELEITORES PODERIA MUDAR VOTO

O promotor especial foi nomeado para assumir a investigação depois que Sessions deixou a função, em fevereiro. Na semana que vem, o genro de Trump e seu principal conselheiro na Casa Branca, Jared Kushner, e o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., devem testemunhar no Senado, assim como o ex-chefe da campanha de Trump, Paul Manafort.

Ontem, dia em que Trump completou seis meses no cargo, uma pesquisa mostrou que um de cada oito de seus eleitores não sabe mais se votaria nele de novo.


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Mundo

+ Mundo