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Reino Unido: discurso de May revela as fraquezas da premier

Por Agência O Globo

22/09/2017 18h09 — em
Mundo



LONDRES - ‘Essa é uma luta entre tempo e dinheiro”, foi como um ministro da União Europeia descreveu as negociações do Brexit nesta semana. Para evitar que o tempo se vá em discussões inúteis e que o Reino Unido deixe a União Europeia sem uma negociação, Theresa May finalmente colocou dinheiro na mesa.

Embora ela não tenha mencionado nenhum valor no seu discurso em Florença na tarde de ontem, sua promessa de honrar os compromissos britânicos com a UE devem afastar a possibilidade de as negociações darem errado. Ainda que ela tenha usado apenas uma sentença para amortecer o impacto no âmbito doméstico, era a língua que os vizinhos europeus queriam ouvir.

Além da taxa de divórcio, o tom conciliatório de May com a UE não foi aceito com muita substância. Ela falou um bocado sobre os direitos dos cidadãos da União Europeia e abandonou sua última ameaça de encerrar a cooperação com os vizinhos.

Florença também marcou um recuo de May em seu antigo mantra “Não fazer negócio nenhum é melhor que fazer um mau negócio”, ao reconhecer que o Reino Unido precisa de um acordo de transição de ao menos dois anos. Isso representa um revés para os apoiadores mais radicais do Brexit, que queriam que a premier repetisse a ameaça.

Está claro que o Reino Unido não fez preparações suficientes em termos de fronteiras, imigração e negócios para sair do grupo europeu em março de 2019. Há uma urgência em fornecer certeza e estabilidade para os negócios. May está pagando o preço por não ter preparado a casa para o pagamento do divórcio e os inevitáveis compromissos confusos que permanecem à frente. Seu discurso foi uma oportunidade desperdiçada para consertar isso.

O governo britânico pode ter assinado um acordo para uma saída gradual, mas sua tentativa pública de mostrar união é falsa. Há ainda duas visões para o Reino Unido depois de 2021: aquela de Phillip Hammond sobre ligações estreitas com nosso maior mercado; ou a dos que apoiam o Brexit, que desejam se livrar das regulações da UE e não pagar por um mercado comum — a falha escolhida pelos governantes.

Quinze meses após o referendo, May ainda não decidiu exatamente o que deseja, nem houve sinal de consenso durante a reunião com a cúpula da UE. A verdadeira batalha foi apenas postergada. Enquanto o discurso de Florença garante a May algum tempo, ela não pode desperdiçar mais nem um minuto.


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