Recém-criado grupo de esquerda lançado por Sanders já vive polêmicas
WASHINGTON — Fenômeno das primárias democratas, o senador Bernie Sanders conseguiu influenciar o partido com seus milhões de votos, e a legenda aprovou o programa de governo mais à esquerda na história da legenda para a candidata Hillary Clinton. Mas não basta estar no papel. O político de Vermont está criando um grupo, chamado Our Revolution (Nossa Revolução), para ajudar a eleger políticos progressistas por todo os Estados Unidos. A iniciativa, contudo, já nasce com polêmicas e deserções.
O lançamento do grupo foi programado para a noite desta quarta-feira, tendo eventos em ao menos 2.600 locais do país. A ideia é aproveitar a grande rede de voluntários que impulsionou a campanha de Sanders a fim de conseguir apoio e recursos para candidatos progressistas - de vereadores e conselheiros de distritos escolares a congressistas. O grupo deve auxiliar até cem candidatos nas eleições de novembro, nas mais diferentes esferas.
"Não podemos deixar que todo o impulso que alcançamos na luta para transformar os Estados Unidos seja perdido. Nós nunca iremos parar de lutar pelo que é certo", afirmava o texto de anúncio na página de Sanders, indicando que a nova organização pode continuar além das eleições, ou seja, tentando influenciar o Partido Democrata da mesma forma que o movimento Tea Party, de extrema-direita, dominou boa parte da agenda dos republicanos nos últimos anos.
Mas a nova organização nasce sob polêmica. Para muitos, pelo fato de ser formado por críticos ásperos da candidata democrata, Hillary Clinton, o Nossa Revolução poderia favorecer a migração de votos para outros candidatos, como a verde Jill Stein. Mas a maior controvérsia surge justo num dos pontos-chave da campanha de Sanders na crítica a Hillary: a falta de transparência e a possibilidade de receber apoios de grandes corporações. Segundo o "New York Times", a não divulgação final das contas da campanha de Sanders também começa a incomodar.
Além disso, oito altos funcionários comprometidos com o grupo deixaram o movimento no fim de semana por divergências sobre sua estrutura. O Nossa Revolução terá sua gestão a cargo de Jeff Weaver, diretor da campanha de Sanders.
- Sua fraca liderança custou a indicação para Bernie - condenou Claire Sandberg, que seria a diretora-organizadora do grupo.
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