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Protestos antirracismo nos EUA têm confronto em Seattle e uma morte em Austin

Por Folha de São Paulo

26/07/2020 14h42 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os Estados Unidos vivem mais um fim de semana de protestos e confrontos em várias cidades contra o racismo e a violência policial. Houve cenas de violência em Seattle e uma pessoa morreu baleada em Austin, no Texas.

No sábado (25), foram completados dois meses da morte de George Floyd, sufocado por um policial branco em maio. O caso gerou uma onda de protestos contra o racismo que se espalhou pelo país.

Depois de uma onda de revolta contra estátuas ligadas à escravidão, o tema central dos atos passou a ser a revolta contra o envio de tropas federais para conter protestos, especialmente na cidade de Portland.

A cidade do Oregon, na costa oeste, tem protestos diários há 59 dias seguidos. No sábado, os manifestantes marcharam até um hotel que abriga os agentes federais e protestaram no local. Houve ataques com lasers, que miravam os olhos dos guardas. Na madrugada de domingo, a polícia dispersou o ato em Portland com gás lacrimogêneo.

Em Austin, no Texas, uma pessoa morreu após tiros serem disparados durante um protesto.

Um vídeo da cena mostra um carro buzinando enquanto os manifestantes marcham. Em seguida, são ouvidos disparos. Um homem foi baleado e morreu. O atirador foi preso.

Segundo a polícia, os tiros que mataram a vítima vieram de dentro de um carro, e os disparos podem ter ocorrido depois que o homem teria se aproximado do veículo com um rifle.

Em Seattle, também na região oeste, dezenas de pessoas foram presas e policiais ficaram feridos em meio ao maior protesto do movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) em várias semanas.

Alguns manifestantes colocaram fogo em uma área em construção que abrigará um centro de detenção juvenil. Depois disso, a polícia tentou dispersar os milhares de manifestantes, com uso de armas não-letais.

Às 22h (2h de domingo em Brasília), a polícia disse ter prendido 45 pessoas e informou que 21 agentes haviam ficado feridos, após serem atingidos por tijolos, pedras e bombas lançadas pelos ativistas.

Atos em outras cidades, como Nova York, Oakland e Richmond, também prestaram solidariedade aos ativistas de Portland.

Em Los Angeles, houve confrontos com agentes em frente de um tribunal de Justiça federal. Em Omaha, também na Califórnia, cerca de 100 pessoas foram presas, segundo a mídia local.

Em Aurora, no Colorado, uma pessoa foi baleada e um motorista tentou jogar o carro contra os manifestantes.

Ainda no sábado, um grupo de manifestantes negros armados protestou em Louisville, no estado do Kentucky, exigindo justiça para Breonna Taylor, uma mulher negra morta em março por policiais que invadiram seu apartamento.

Inúmeros manifestantes, vestidos com uniformes paramilitares e levando fuzis semiautomáticos e espingardas, caminharam até uma intersecção onde a polícia os separava de um grupo menor de manifestantes contrários.

O protesto foi pacífico, mas três pessoas foram hospitalizadas com ferimentos leves após uma arma disparar acidentalmente.

A crise de Portland Os atos antirracistas após a morte de Floyd passaram a atacar monumentos em homenagem a figuras históricas ligadas à escravidão e ao colonialismo.

Em junho, o presidente Donald Trump, que critica os protestos, emitiu uma ordem executiva para aumentar a proteção a estátuas e a monumentos federais. E ordenou o envio de agentes federais para as cidades, para fazer a segurança dessas instalações.

Em Portland, esses agentes foram flagrados agindo de modo violento contra manifestantes que protestavam nas ruas.

Vídeos que se espalharam pela internet mostrando agressões e prisões sem justificativa por agentes federais sem identificação --utilizando carros também não identificados-- mobilizaram mais manifestantes a ir para as ruas e geraram reações de líderes do Partido Democrata pelo país.

Na semana passada, Trump anunciou o envio de mais agentes federais para Seattle e mais outras cidades, o que acirrou os ânimos.

O envio desses agentes é alvo de questionamento do inspetor-geral do Departamento de Justiça, que abriu investigação sobre uso de força excessiva pelos policiais, e levou um juiz federal a baixar uma liminar limitando o uso da força e proibindo os agentes de prenderem jornalistas e observadores.

A atuação das forças federais contra manifestantes é mais um componente na corrida presidencial nos meses que precedem a eleição, em novembro.

Trump, que aparece atrás de seu rival, o democrata Joe Biden, na corrida à Casa Branca, tem usado os protestos antirracistas e o debate em torno dos símbolos nacionais para mobilizar sua base.

O republicano, que concorre à reeleição em 3 de novembro com um discurso de "lei e ordem", ameaça enviar mais forças federais para cidades governadas por prefeitos democratas, que ele acusa de não combaterem o crime.

Prefeitos de cidades como Nova York e Chicago criticam duramente a ideia, pois veem o risco de mais confrontos e mortes causadas por forças de segurança, justamente o que os manifestantes exigem que não aconteça mais.


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