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Nunca houve alguém mais qualificado que Hillary para ser presidente dos EUA, diz Obama

Por Agência O Globo

28/07/2016 22h26 — em
Mundo



FILADÉLFIA — O presidente americano, Barack Obama, foi a grande estrela do terceiro dia da convenção democrata, que se termina na quinta-feira com o discurso de aceitação de Hillary Clinton. Em um discurso que arrancou aplausos da plateia diversas vezes, Obama tentou passar a ideia de otimismo e esperança — que se contrapõe ao medo e pessimismo de Trump — e elogiou Hillary, dizendo que ela é preparada para ser presidente e que, em meio a crises, “ouve as pessoas, mantém a calma e trata todos com respeito”, numa crítica indireta ao temperamento intempestivo do magnata.

— Eu posso dizer com confiança que nunca houve um homem ou uma mulher mais qualificados, nem eu, nem mesmo Bill (Clinton, marido da candidata) do que Hillary Clinton para servir como presidente dos Estados Unidos. — disse Obama.

O presidente americano também se concentrou nas virtudes que fazem de Hillary a candidata mais bem preparada para ocupar o Salão Oval.

— Nada te prepara realmente para as exigências do Salão Oval. Até sentar nessa mesa, você não sabe administrar uma crise global, enviar gente à guerra. Mas Hillary já esteve nesse salão; foi parte das decisões. Mesmo em meio a uma crise, ela escuta as pessoas, se mantém calma e trata todos com respeito. E não importa quão difícil sejam os desafios, não importa o esforço que alguém faça para derrubá-la, ela nunca, nunca se rende.

Obama, que derrotou Hillary na difícil disputa interna para as eleições presidenciais de 2008, a escolheu como sua secretária de Estado, depois de eleito. No seu discurso, ele lembrou da atual fase que vive o país, frente a ameaças como a questão racial e o terrorismo mundial. Mas, afirmando-se “mais otimista do que nunca sobre futuro do país”, denunciou o profundo pessimismo do Partido Replubicano e seu “ressentimento, culpa, raiva e ódio”, que têm marcado a atual campanha eleitoral.

— Os Estados Unidos são cheios de coragem, otimismo e criatividade. Os EUA que eu conheço são decentes e generosos. Claro, temos ansiedades reais, como contas a pagar, proteger nossos filhos, cuidar dos pais doentes. Nós ficamos preocupados com o impasse político e com as divisões raciais. Ficamos chocados e tristes com a loucura de Orlando ou de Nice (em referência a atentados recentes). Existem bolsões do país que nunca se recuperaram do fechamento de fábricas. Mas eu vejo pessoas trabalhando duro e tocando seus negócios, pessoas ensinando as crianças a servir ao nosso país. Eu vejo uma geração mais jovem cheia de energia e novas ideias.

Antes de Obama, o vice-presidente Joe Biden fez uma enfática defesa de Hillary. Ele, que esteve até outubro em dúvidas se concorreria à Presidência, lembrou da convenção de 2008 e das lutas ao lado de Obama, afirmando que “só eles sabem” do valor que era ter Hillary como secretária de Estado:

— Todos sabem que ela é inteligente e que ela é capaz, mas eu sei como ela é apaixonada por este país, como conhece as lutas — disse ele, que ainda atacou Trump, dizendo que o republicano era um “cínico sem limites”, famoso por demitir pessoas em cadeia nacional de TV e que, agora, quer posar de defensor da classe média. — Ele não tem ideia do que defende, é uma ameaça real para o país e não pode ser tratado como gozação.

Hillary teve ainda uma adesão de peso: Michael Bloomberg, ex-prefeito republicano de Nova York, que agora se define como independente, afirmou que Trump é um “demagogo perigoso”.

A forte defesa que Obama tem feito da candidatura de Hillary não se deve apenas à proximidade entre os dois ou pelo dever de companheiros de partido: se ela não vencer, grande parte do seu legado pode ser facilmente desfeita num eventual governo de Donald Trump.

O retrocesso das políticas progressistas que implementou, sobretudo nos últimos anos, poderia ser facilmente realizado sem passar pelo Congresso, pois elas foram implementadas com atos administrativos. Assim, ele precisa transmitir esperança, dar credibilidade à candidata democrata e ajudar a atacar o republicano Donald Trump, em alta nas pesquisas.

Parte de sua herança pode ser irreversível, como uma ação efetiva em igualdade de gênero — sobretudo nas Forças Armadas — e de orientação sexual. Analistas afirmam que até mesmo o Obamacare, que atende a 20 milhões de pessoas, poderia gerar problemas se fosse completamente desfeito, como defendem alguns republicanos. Mas a política externa e as linhas da política econômica podem ser totalmente diferentes, o que poderia gerar instabilidade no mundo.

Os democratas também debateram o controle de armas. Sobrevivente de quatro ataques de armas, que deixaram múltiplas vítimas, falaram ontem na convenção democrata, gerando emoção na plateia. Além disso, parentes de mortos em ataques participaram da convenção, que tenta reforçar a agenda democrata de um maior controle de armas num momento em que os EUA vivem uma onda de violência, motivada por questões raciais, ódio a policiais e “lobos solitários” que atuam como terroristas.

A noite ainda contou com a presença do candidato a vice na chapa de Hillary, o senador Tim Kaine. No primeiro discurso que fizeram juntos após sua escolha, sábado, em Miami, Kaine mostrou que poderá ajudar muito mais Hillary Clinton que Mike Pence a Donald Trump, segundo analistas, por ser melhor orador e acrescentar mais temas à agenda.


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