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Mídia francesa evita dar publicidade a terroristas no país

Por Agência O Globo

28/07/2016 3h52 — em
Mundo



PARIS — Os ataques terroristas que têm atingido a França desde o ano passado levaram diversos veículos jornalísticos do país a adotarem a política de não publicar mais fotos de responsáveis por atentados, para evitar “glorificações póstumas”. O “Le Monde”, um dos maiores diários franceses, publicou um editorial após o assassinato de um padre em Saint-Étienne-du-Rouvray por dois jovens que juraram lealdade ao Estado Islâmico (EI), afirmando que a imprensa tem um papel importante a desempenhar na luta contra o terrorismo.

O jornal já optara, no passado, por não publicar imagens de propaganda do EI, e após o ataque em Nice, no dia 14 deste mês, decidiu banir também imagens dos responsáveis pelos ataques, afirmando que debaterá outras medidas a serem adotadas na cobertura do terrorismo. A mesma política foi adotada pela emissora de TV BFM-TV e pelo diário católico “La Croix”, e deve ser anunciada também pela rede de TV France 24.

— Pensávamos nisso há algum tempo — afirmou o diretor editorial da BFM-TV, Hervé Béroud. — Nossa decisão foi acelerada pelo ataque de Nice e pela repetição de tragédias.

A Rádio Europa 1 anunciou que não apenas não reproduzirá imagens de terroristas em seu site, como também não mencionará seus nomes no ar. No entanto, outros veículos questionam se a decisão é realmente a mais acertada.

“Nossa tarefa é informar as pessoas, que têm o direito de serem informadas”, afirmou o diretor da France Télévisions, Michel Field, em comunicado. “Temos que resistir ao impulso da autocensura.”

De acordo com Field, suprimir os nomes e imagens de terroristas contribuiria para a ansiedade da população, e passaria a sensação de que os veículos estariam omitindo informações de leitores e ouvintes. O jornal “Le Figaro” e a revista “Nouvel Observateur” optaram, por enquanto, por continuar a divulgar nomes e rostos de envolvidos em ataques terroristas, enquanto o “Libération” afirma que pretende analisar caso a caso antes de tomar decisões.

— Talvez seja o momento de a mídia formar um pacto se comprometendo a não dar publicidade aos terroristas, que tentam ficar famosos enquanto suas vítimas permanecem anônimas — afirmou o psicanalista Fethi Benslama a uma rádio. — Eles costumam deixar para trás suas carteiras de identidade, porque querem ser rapidamente identificados.


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