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Hillary vira alvo de ataques por e-mails que revelam acesso de doadores a ela na Secretaria de Estado

Por Agência O Globo

24/08/2016 3h52 — em
Mundo



WASHINGTON — No momento em que vinha sendo impulsionada pelas polêmicas que prejudicaram a campanha do republicano Donald Trump na corrida à Casa Branca, a democrata Hillary Clinton vê reacenderem acusações sérias de conflito de interesses durante seu período como secretária de Estado, no primeiro mandato de Barack Obama (2009-2013), além de falta de confiabilidade. Mensagens de uma de suas principais assessoras, liberadas anteontem por ordem judicial, revelam como amigos e doadores da Fundação Clinton tinham acesso a Hillary e a seu círculo íntimo quando ela era chefe da diplomacia dos EUA. E, segundo novo levantamento da agência AP, a maior parte de visitas ou telefonemas de representantes de interesses privados que ela recebeu durante sua permanência no cargo foi de doadores da fundação.

A polêmica foi desatada apenas um dia após a revelação pelo FBI (a polícia federal dos EUA) de 14.900 novos e-mails da democrata nunca entregues por ela às autoridades quando veio à tona o escândalo do uso de um servidor privado para suas comunicações oficiais. A surpresa fez com que um juiz federal pedisse ao Departamento de Estado a divulgação das mensagens até outubro, o que pode ameaçar uma vitória de Hillary em novembro.

“Hillary Clinton destacou com firmeza que ‘não havia absolutamente nenhuma conexão’ entre seu trabalho privado e as ações no Departamento de Estado. MENTIRA!”, escreveu Trump em sua conta no Twitter, ontem.

FINANCIADORES PEDIRAM ENCONTROS

A nova dor de cabeça veio após a liberação, pelo Departamento de Estado, de e-mails de uma das principais assessoras de Hillary: sua ex-vice-chefe de gabinete, Huma Abedin. A divulgação foi demandada legalmente pelo grupo conservador Judicial Watch. São citados nas mensagens um executivo de esportes americano — doador da fundação — que pede ajuda para obter um visto para a ida a Las Vegas de um jogador de futebol britânico com ficha criminal. Outro caso é do príncipe herdeiro do Bahrein, Salman bin Hamad al-Khalifa, cujo governo deu mais de US$ 50 mil para a Fundação Clinton e pedia uma reunião de última hora. O cantor Bono, da banda U2 e participante frequente dos eventos da ONG, pede ajuda para transmitir um show à Estação Espacial Internacional.

Como mostram os e-mails, os pedidos de reuniões e favores eram dirigidos a Huma, que então mobilizava outros assessores do alto escalão e, às vezes, a própria secretária de Estado para responder às demandas. O Judicial Watch afirma em nota que algumas das mensagens revelam conflito de interesses. As correspondências, no entanto, mostram que os doadores nem sempre conseguiam o que queriam, “particularmente quando procuravam algo mais do que uma reunião”, disse o “Washington Post”, que analisou os documentos.

A campanha de Hillary rebateu prontamente as suspeitas sobre a candidata: “Não importa o quanto este grupo queira distorcer estes documentos, o fato é que Hillary nunca agiu no cargo em função de doações à fundação”, disse em nota o porta-voz Josh Schwerin.

Mas, ainda ontem, a AP revelou em levantamento que ao menos 85 dos 154 dos representantes de interesses privados que tiveram conversas marcadas com Hillary no Departamento de Estado ajudaram a financiar a fundação, diretamente ou através de empresas. A soma das doações chega a US$ 156 milhões, e vem de executivos de Wall Street, economistas e parceiros dos Clinton na atuação humanitária em países africanos.

— Não é coincidência que Hillary seja uma dos candidatos menos confiados — criticou Jill Stein, candidata pelo Partido Verde. — Onde terminam os negócios da família e onde entram assuntos de Estado? É um escândalo nacional.

DESAFIO PARA UMA EVENTUAL PRESIDÊNCIA

Depois de Trump pedir o fechamento da fundação na segunda-feira, o ex-presidente Bill Clinton admitiu que pode limitar doações corporativas e estrangeiras.

— Se vencerem, os Clinton terão que trabalhar com advogados para estabelecer regras para garantir ao povo que não haverá favorecimentos — disse o ex-senador republicano Richard Lugar, que questionou Hillary em 2009 sobre possíveis conflitos de interesse, antes de ela assumir o cargo.

Mas analistas temem que Hillary continue sendo alvo de demandas de seus doadores.

— Há muitos conflitos e problemas em potencial. Hillary não consegue simplesmente fugir assim de seus seis mil doadores — avaliou Douglas White, ex-diretor do programa de financiamento educacional da Universidade de Columbia.

Com a campanha em andamento, ontem Hillary abriu 12 pontos de vantagem nacional sobre Trump, segundo a pesquisa Reuters/Ipsos.


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