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Governo francês é criticado por ter libertado suspeito de terror

Por Agência O Globo

28/07/2016 3h52 — em
Mundo



PARIS — As investigações sobre o assassinato do padre Jacques Hamel, de 86 anos, degolado na terça-feira por dois extremistas ligados ao Estado Islâmico (EI) durante a missa numa igreja de Saint-Étienne-du-Rouvray, puseram mais pressão sobre o governo do presidente François Hollande. As autoridades ficaram sob fortes críticas ontem após revelações de que Adel Kermiche, um dos responsáveis pelo crime, foi posto em liberdade provisória em março, embora estivesse aguardando julgamento por suposto pertencimento a uma rede terrorista, após duas tentativas de ir para a Síria juntar-se ao grupo extremista.

Segundo o regulamento de sua libertação, Kermiche, de 19 anos, tinha permissão de sair de casa das 8h30m às 12h30m durante a semana, e das 14h às 18h no fim de semana. A brecha na reclusão fez com que a polícia não fosse alertada no momento em que ele deixou sua casa para cometer o assassinato. Ele teria se radicalizado nos últimos anos e recebia acompanhamento psicológico desde os 6, chegando a passar 15 dias numa unidade psiquiátrica durante a adolescência.

— Como uma pessoa com uma tornozeleira eletrônica pode realizar um ataque? — questionou Mohammed Karabila, presidente Conselho Islâmico da Alta Normandia.

GOVERNO REBATE CRÍTICAS

O sindicato de policiais Alliance também criticou a libertação de Kermiche.

— Não deveria ser possível que uma pessoa à espera de julgamento, acusada de ter vínculos com o terrorismo, seja libertada em prisão domiciliar — disse Benoît Barret, secretário-geral adjunto do sindicato.

Já o ex-presidente Nicolas Sarkozy defendeu o uso de tornozeleiras eletrônicas por todos os suspeitos de envolvimento com o extremismo islâmico, mesmo aqueles sem ficha criminal.

O segundo atacante foi identificado ontem pela polícia como Abdel Malik P., de 20 anos. O jovem, que aparece ao lado de Kermiche num vídeo em que jura lealdade ao EI, era morador de Aix-les-Bains, na região dos Alpes franceses.

A Inteligência francesa mantém registros confidenciais de cerca de 10.500 pessoas por supostas ligações com o terrorismo. De acordo com o Ministério da Justiça, apenas 13 pessoas no país usam tornozeleiras por suspeita de terror, sete delas ainda aguardando julgamento.

Mas, apesar dos protestos, o governo rejeitou os pedidos de endurecimento das leis antiterror, alegando que a extensão do estado de emergência após o ataque em Nice já concede às autoridades “capacidade suficiente para agir”. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, disse que o país “não pode violar a lei para defender o estado de direito”.

— Se abandonarmos nossos princípios constitucionais para proteger a liberdade que tanto apreciamos, teremos dado a vitória aos terroristas — afirmou.


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