EUA instam Venezuela a permitir imediatamente referendo revogatório
WASHINGTON — Os Estados Unidos expressaram preocupação pelo que chamaram de atrasos desnecessários no processo de convocação de um referendo revogatório contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A Casa Branca pediu que o governo do país respeite imediatamente seus próprios mecanismos constitucionais. A oposição venezuelana trabalha em uma intensa campanha em favor da consulta popular, que poderia encurtar o mandato de Maduro.
— Os Estados Unidos seguem preocupados pelos desnecessários atrasos no processo do referendo revogatório na Venezuela — disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Joh Kirby. — Instamos o governo da Venezuela a respeitar seus próprios mecanismos constitucionais e imediatamente permitir que o processo avance sem atrasos, de acordo com a vontade do povo venezuelano.
Na terça-feira, a oposição esperava obter uma resposta do órgão eleitoral venezuelano para confirmar a validação de 200 mil assinaturas. Este é o requisito inicial para ativar o referendo e avançar à segunda fase do processo: a coleta de 4 milhões de assinaturas.
No entanto, o silêncio das autoridades eleitorais levou cerca de mil manifestantes opositores a tentar entrar na sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Lá, líderes da coalizão opositora Mesa de Unidade Democratica (MUD) pretendiam entregar uma carta com sua petição. Os opositores acusam o órgão eleitoral de servir ao governo de Maduro.
O CNE anunciou que na próxima segunda-feira analisará a validade das assinaturas, sem esclarecer se pretende se pronunciar neste mesmo dia sobre a possível ativação da consulta popular.
— A Constituição venezuelana garante aos venezuelanos o direito de terem suas vozes ouvidas através de um processo de referendo revogatório — acrescentou Kirby.
As declarações do representante do Departamento de Estado vêm um mês após o presidente americano, Barack Obama, também ter pressionado o governo de Maduro. Ele pediu no fim de julho que a Venezuela respeite os esforços legítimos da oposição para convocar o referendo e liberte seus presos políticos.
O tempo é um fator-chave para a campanha da oposição. A MUD tenta garantir que a consulta aconteça até o dia 10 de janeiro de 2017. Neste caso, se Maduro for derrotado, novas eleições seriam convocadas. No entanto, se o referendo acontecer mais tarde e o presidente perder, o seu mandato seria completado pelo seu vice-presidente.
A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica — sobretudo por conta da falta de alimentos e produtos básicos — e política. A tensão aumentou ainda mais no país quando, na terça-feira, chavistas pediram que o CNE anulasse a inscrição da MUD como partido político. Os aliados de Maduro acusaram a coalizão de participar de uma grande fraude eleitoral na coleta das assinaturas pelo referendo.
ASSUNTOS: Mundo