‘Estamos numa situação limite’, diz venezuelana que criou crowdfunding para ajudar o pai
BUENOS AIRES — O venezuelano Alberto Sandoval, 70 anos, é uma das tantas vítimas da crise humanitária venezuelana. Por iniciativa da filha, a jornalista Maria Sandoval, a família dele decidiu criar uma página de (financiamento coletivo) para receber doações sem as quais não tem como comprar no exterior os remédios de que ele precisa para iniciar um tratamento oncológico. "Meu pai necessita de quatro remédios, mas um deles não se consegue na Venezuela e é caríssimo", contou Maria ao GLOBO.
Tenho amigos que moram nos Estados Unidos e estão mais familiarizados com este tipo de iniciativas. Eles me ajudaram, porque não tínhamos outra alternativa. Meu pai ainda não conseguiu começar seu tratamento, porque nos falta um dos quatro remédios indicados pelos médicos, e esse remédio não se consegue em nosso país. Há um ano e meio está em falta.
Comprando na Colômbia, onde ele está disponível, uma caixa custa em torno de US$ 5 mil. E meu pai precisa de quatro caixas para cobrir os quatro ciclos da quimioterapia. É muito dinheiro, precisamos de doações porque não temos como conseguir tanto dinheiro sem ajuda.
Existe um remédio mais antigo, que os médicos já não recomendam porque é muito tóxico e enfraquece demais os pacientes. Não quero submeter meu pai a um tratamento ruim, quero que ele tenha os melhores remédios que existem, o problema é que alguns deixaram de existir em nosso mercado.
Sim, alguns amigos e conhecidos já colaboraram. Mas ainda nos falta muito. Nossa moeda é muito fraca e o acesso ao dólar muito difícil. Estamos numa situação limite como país, por isso decidi pedir ajuda.
Seu ânimo está bom, mas clinicamente está enfraquecido. Ele tem um câncer na medula óssea, é delicado. Meu pai está aposentado e tem um comércio. Sentimos uma tristeza muito grande, não só pela doença, mas pelas dificuldades que estamos enfrentando para tratá-la. Em casos como o de meu pai, o governo deveria aceitar a ajuda humanitária. Condições de saúde como a dele deveriam ser prioridade. A política não pode estar acima da vida das pessoas.
ASSUNTOS: Mundo