Estado Islâmico divulga vídeo com assassinos de padre francês
PARIS — Os dois terroristas que mataram um padre francês na Normadia aparecem em um vídeo divulgado pelo Estado Islâmico manifestando lealdade ao grupo. As imagens foram mostradas nesta quarta-feira pela agência Amaq, ligada aos extremistas.
No vídeo, os dois homens falam em árabe e fazem referência a Abu Bakr al-Baghdadi, líder do EI. Um deles segura um laptop com a imagem da bandeira do grupo.
Os dois terroristas degolaram o padre da igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray e feriram um outro refém durante o ataque. Um deles foi identificado como Adel Kermiche, um jovem nascido na França com distúrbios comportamentais e obcecado pela Síria, para onde tentou viajar duas vezes.
Nascido em 25 de março de 1997, na Normandia, região no noroeste da França, onde o ataque ocorreu, Kermiche veio de uma grande família, de origem argelina. Os parentes já haviam relatado sua radicalização e se preocupavam com o caminho seguido pelo jovem, de acordo com um representante muçulmano da cidade.
Segundo o jornal francês Le Monde, o jovem tinha acompanhamento psicológico desde os 6 anos de idade e durante a sua adolescência foi internado várias vezes, incluindo um período de 15 dias em uma unidade psiquiátrica.
Descrito como uma criança hiperativa e expulso do colégio aos 12 anos por distúrbios comportamentais, Kermiche era uma verdadeira “bomba-relógio”, de acordo com o testemunho de um jovem do bairro citado pelo jornal “Le Parisien”.
— Ele falava sobre o Islã, que faria coisas. Ele me disse que iria atacar uma igreja há dois meses. Eu não acreditava nele, ele dizia um monte de coisas — afirmou um adolescente do bairro à rádio RTL, considerando que Kermiche sofreu uma lavagem cerebral.
Kermiche vivia com seus pais em uma pequena casa localizada a menos de dois quilômetros da igreja, onde, com outro terrorista ainda não identificado, fez seis pessoas reféns durante uma missa, matou o padre e feriu gravemente um paroquiano. Ele então foi morto com seu cúmplice pela polícia.
No momento do ataque, o jovem utilizava uma tornozeleira eletrônica que permite à Justiça localizá-lo em qualquer lugar e permanentemente. Apesar de não ter sido condenado em nenhuma instância, ele era conhecido dos serviços de contraterrorismo desde 2015 e foi indiciado em março e maio de 2016 por tentar viajar para a Síria duas vezes.
— Nós já não o suportávamos mais. Ele falava apenas sobre a Síria, e seu sonho era matar soldados de Bashar al-Assad (o presidente sírio) — relatou o mesmo jovem citado pelo Le Parisien.
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