Compartilhe este texto

Câmeras da prisão registraram chacina em Manaus

Por Portal Do Holanda

05/01/2017 6h28 — em
Manaus


Foto: Reprodução

MANAUS — Os responsáveis pela chacina que vitimou 56 presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, permitiram que toda a ação fosse filmada pelas câmeras do presídios. Para os investigadores do caso, a decisão de não destruir os equipamentos é mais um sinal da ousadia dos criminosos, que queriam que a matança realizada após 17 horas de rebelião fosse assistida pelas autoridades.

As imagens mostram que a chacina começou no pavilhão 3 da unidade prisional — onde se encontravam presos integrantes da Família do Norte (FDN), facção criminosa mencionada como responsável pelo massacre — e se espalhou por todas as áreas. Revelam ainda que a maioria dos presos não se preocupou em esconder o rosto.

As cenas foram entregues ontem à Polícia Civil, mas ainda não foram divulgadas. Estão sendo tratadas como principal fonte de informação para o trabalho da polícia, que também busca dados em perícia que começa a ser realizada nos celulares apreendidos dentro do presídio de Manaus, logo depois da chacina.

Os investigadores pesquisam ainda imagens divulgadas pelos próprios presos em suas redes sociais. Uma das cenas mais impressionantes, na visão dos policiais, mostra Márcio Ramalho Diogo, mais conhecido como Garrote, de 34 anos, cercado por presos que portam facões, escopetas e uma pistola. Ramalho está no centro da imagem, vestindo um boné vermelho.

Na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) em fevereiro do ano passado, ele é descrito como “xerife” da organização e braço-direito de José Roberto Fernandes Barbosa, apontado como uma das principais chefes da FDN.

“Tinha a função de executar ordens e fazer cumprir as regras de disciplina impostas pelo ‘comando’ da FDN. Entre tais ordens, pode-se citar a aplicação de ‘penas’ aos detentos, que variavam de lesões corporais a homicídios”, escreveram os procuradores federais na denúncia contra o rapaz por integrar organização criminosa e tráfico de drogas.

Ramalho também é citado como interlocutor em mensagens relacionadas à distribuição e entrega de drogas, além de pagamento de “caixinha” para financiamento da FDN.

— Temos que entender primeiro a dinâmica dos fatos, para depois chegarmos aos autores. Já temos o depoimento de pelo menos 20 detentos que apontam suspeitas. Essas informações serão confrontadas com os outros dados obtidos por nós — afirma o delegado Ivo Martins, titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros, que tem até o início de fevereiro para concluir o inquérito que investiga os autores da chacina.

Outro preso na mira da polícia é o traficante Luciano da Silva Barbosa, de 27 anos, filho de José Roberto Fernandes Barbosa, chefe da FDN. Luciano foi denunciado pelo MPF após ser flagrado tratando com o pai de venda de cocaína e operacionalização do pagamento de “caixinha” pelos integrantes da facção.

Foragido da Justiça, Luciano foi preso apenas em setembro do ano passado, no bairro Compensa, na Zona Oeste de Manaus, durante uma partida de futebol. Permaneceu por um tempo na carceragem da PF na capital amazonense, mas foi transferido, em seguida, para unidade prisional administrada pelo governo estadual. Seu pai está preso em um presídio de segurança máxima.

A chacina do Compaj foi motivada por decisão da FDN de eliminar integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção inimiga. No entanto, a ocasião foi aproveitada para atacar presos ligados à própria FDN que estavam jurados de morte e outras minorias do presídio, como estupradores e pessoas que não queriam se associar a qualquer uma das duas facções. Ontem, o governo do Amazonas não quis informar se Ramalho e Barbosa estão entre os 121 foragidos do Compaj.


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Manaus

+ Manaus