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Xi Jinping é reeleito para o segundo mandato como presidente da China

Por Agência O Globo

17/03/2018 8h03 — em
Mundo



PEQUIM — Menos de uma semana após conseguir uma reforma constitucional que permite a reeleição indefinidamente, Xi Jinping, de 64 anos, conseguiu a unanimidade dos votos dos quase 3 mil delegados presentes na reunião anual da Assembleia Nacional Popular (ANP) e se reelegeu, neste sábado, presidente da China para um segundo mandato de cinco anos.

No domingo passado, a ANP aprovou uma emenda à Constituição que estabelecia um limite de dois mandatos presidenciais, dando carta branca a Xi a se perpetuar no poder. A emenda também incluiu na carta magna do país o “Pensamento de Xi Jinping para a nova era”, uma conquista que nenhum outro líder desde Mao Tsé-Tung havia conseguido.

Diante da reeleição certa de Xi pela ANP — controlada pelo Partido Comunista —, as expectativas recaíam sobre quem ocuparia a vice-presidência. O favorito era Wang Qishan, que liderou uma imensa campanha de combate à corrupção ao presidir a Comissão Central de Inspeção Disciplinar, que puniu 1,5 milhão de funcionários públicos nos últimos cinco anos, de pequenos quadros ao pessoal do alto escalão.

Também sem surpresas, Wang foi eleito para substituir Li Yuanchao no cargo de vice-presidente. Ele obteve 2.969 votos a favor e apenas um contrário. Com 69 anos, Wang é conhecido por seu trabalho como representante comercial da China. Para analistas, esta experiência ajudará Xi a administrar as relações cada vez mais tensas com os EUA, agravadas pela decisão recente do presidente americano, Donald Trump, de taxar as importações de alumínio e aço.

— Xi Jinping é um homem muito poderoso. O problema é que tem pouca gente leal e competente — analisou Hua Po, especialista em política chinesa, em entrevista à AFP. — Então, precisa conversar Wang para ter tempo para cultivar mais pessoas de talento.

Logo após o anúncio de sua escolha para a vice-presidência, Wang se curvou duas vezes como sinal de respeito e agradecimento e depois caminhou em direção a Xi para o primeiro aperto de mãos do novo governo. Diante dos delegados da ANP no Grande Salão do Povo, em Pequim, Xi e Wang fizerem um breve discurso, prometendo fidelidade à Constituição.

Zhao Wanping, delegado da província de Anhui, afirmou em entrevista à Reuters que a eleição de Wang está de acordo com a vontade do povo, destacando a atuação do novo vice-presidente no combate à corrupção. Sob seu comando, personagens importantes da vida política chinesa foram processados e condenados, incluindo Zhou Yongkang, ex-membro do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista chinês.

— Nosso país precisa de alguém como ele que vai continuar responsabilizando as pessoas — comentou.

Para diplomatas e fontes ligadas ao governo chinês, a eleição de Wang tem potencial para alterar o papel tradicionalmente cerimonial da vice-presidência. Wang deverá ter função central nas relações com os EUA.

— A posição de vice-presidente da República Popular da China não é de muito poder, mas isso depende de quem ocupa o cargo — explicou Jean-Pierre Cabestan, especialista em política chinesa na Universidade Batista em Hong Kong.

Para Cabestan, provavelmente Wang terá mais influência que seu antecessor, Li Yuanchao, dada sua proximidade com Xi e maior reconhecimento internacional. Mas qualquer esforço chinês de elevar as relações com os EUA em questões comerciais para o nível da vice-presidência requer consentimento da Casa Branca.

Nas últimas semanas, Pequim vem tentando evitar uma guerra comercial com os EUA, enviando a Washington funcionários do alto escalão, incluindo o conselheiro econômico de Xi, Liu He. Segundo fontes ligadas a Trump, o presidente americano pretende impor tarifas de US$ 60 bilhões às importações provenientes da China, tendo como alvo os setores de tecnologia e telecomunicações.


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