No Texas pastor comete suicídio atendo fogo no corpo como protesto
Na cidade de Grand Saline, no estado norte-americano do Texas, na tarde de terça-feira (22) o pastor metodista Charles Robert Moore, 79 anos, aposentado das funções ministeriais, cometeu suicídio ateando fogo ao próprio corpo.De acordo com a Polícia local, ele deixou uma carta de despedida afirmando que sua morte era um protesto contra o racismo e uma forma de fazer justiça aos afro-americanos que sofreram com a discriminação no passado.Na carta,ele afirma que muitos moradores da cidade que continuam vivos participaram de enforcamentos de negros no passado, e para que os crimes não fosse esquecidos, ele atearia fogo ao próprio corpo. Segundo informações o pastor estacionou seu carro em frente a uma loja e despejou gasolina no próprio corpo para, em seguida, atear fogo. As testemunhas do suicídio disseram que fizeram esforço para apagar as chamas, mas os ferimentos foram muitos e profundos.O pastor foi levado ao hospital Parkland, em Dallas, mas não resistiu às queimaduras e faleceu. Larry Compton, chefe da Polícia da cidade de Gran Saline, em entrevista afirmou que nunca havia visto uma carbonização tão intensa. Em trecho da carta de despedida, o pastor descreve que testemunhou crimes contra negros desde sua infância: “Quando eu tinha uns dez anos de idade, alguns amigos e eu estávamos andando pela rua em direção a um riacho para pegar alguns peixes, quando um homem chamado de ‘Tio Billy’ nos parou e nos chamou em sua casa para tomar um copo d’água, mas seu real propósito era alegremente nos pedir para ajudá-lo a matar um ‘nigger’ [forma racista de se referir a negros] e colocar a cabeça em cima de um poste. Uma região de Grand Saline que era (e talvez ainda seja) chamada de ‘cidade polo’, é o local onde as cabeças foram exibidas. Passaram-se anos, antes que eu soubesse o que o nome significava”, escreveu o pastor Moore.
“Vou completar 80 anos de idade, e meu coração está partido por causa disso. A América (e a proeminente Grand Saline) nunca se arrependeu realmente pelas atrocidades da escravidão e suas consequências. O que a minha cidade natal precisa fazer é abrir o seu coração e suas portas para os negros, como um sinal de rejeição aos pecados passados. Muitos afroamericanos eram linchados por aqui, provavelmente alguns em Grand Saline: enforcados, decapitados e queimados, alguns inclusive ainda vivos. A visão deles me assombra muito. Então, nesta data tardia, tomei a decisão de se juntar a eles, dando o meu corpo para ser queimado, com amor no meu coração, não só para eles, mas também para os autores de tal horror – mas especialmente para os cidadãos de Grand Saline, muitos dos quais têm sido muito gentis comigo e outros que podem ser movidos para mudar a situação aqui”.
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