Morre uma das três sobreviventes de queda de avião em Cuba
HAVANA — Uma das três mulheres que haviam sobrevivido à queda de um avião comercial que carregava 113 pessoas em Havana morreu nesta segunda-feira, anunciou a televisão estatal cubana. O voo iria para a cidade de Holguín, no Leste do país caribenho. O acidente ocorreu numa zona rural, e a aeronave ficou completamente queimada e danificada. O número de mortos, agora, sobe a 111.
A jovem falecida foi identificada por autoridades como Gretell Landrove nesta segunda-feira, embora inicialmente o seu sobrenome tivesse sido divulgado como Landrovell na lista de passageiros. Ela tinha 23 anos e era natural de Holguín, mas morava na capital cubana. Ela sofreu um traumatismo craniano severo, que havia provocado graves danos neurológicos graves.
Também em estado grave encontra-se Emiley Sánchez, de 39 anos, que teve 41% do corpo queimados. A terceira sobrevivente é Mailén Díaz, de 19 anos, cujo estado de saúde não foi divulgado.
Fabricado em 1979, o avião havia sido arrendado pela companhia estatal Cubana de Aviación — que desativou muitos aviões antigos nos últimos meses por problemas mecânicos — da empresa mexicana Global Air, proprietária da Damojh, fundada no México em 1990, que tem três aviões para voos executivos e comerciais em México, Caribe, América Central e América do Sul.
Nesta segunda-feira, o México anunciou a suspensão temporária da Damojh. Em nota, autoridades informaram que a decisão foi tomada a fim de realizar uma verificação extraordinária mais extensa para assegurar que a empresa do país continua a seguir com as normas previstas em lei. O governo mexicano auxilia na investigação conduzida pelas autoridades cubanas sobre a queda, tendo já enviado dois especialista a Havana para colaborar.
A Damojh já havia sido suspensa temporariamente em duas ocasiões. A primeira foi em 2010, e a segundo no fim de 2013. No entanto, voltou a operar pouco depois, quando as ressalvas de segurança observadas pelas autoridades foram corrigidas.
Após a queda, dois pilotos relataram que a empresa mexicana já sofria há tempos de problemas de segurança. Um deles disse que um avião alugado da Damojh Airlines sumiu completamente do radar há oito anos. O outro ex-funcionário afirmou que era comum haver má manutenção das aeronaves.
Outro piloto, que costumava trabalhar para Damojh, Marco Aurelio Hernandez disse ao jornal mexicano "Milenio" que se queixou da falta de manutenção adequada dos aviões.
— Eu vivi vários incidentes nesta empresa, como falha de motor ou no sistema elétrico — disse Hernandez.
O chefe do órgão de aviação civil da Guiana, capitão Egbert Field, disse à agência de notícias Associated Press que o mesmo Boeing 737 — que tinha quase 40 anos — foi impedido de usar o espaço aéreo da Guiana no ano passado depois que autoridades descobriram que sua tripulação estava sobrecarregando a bagagem em vôos em Cuba. Segundo a agência de notícias, autoridades guianenses descobriram malas guardadas até nos banheiros do avião.
O último acidente aéreo na ilha havia ocorrido em 29 de abril de 2017, quando um avião de transporte das Forças Armadas caiu com oito militares a bordo. O AN-26, de fabricação russa, bateu em uma montanha baixa, 90 quilômetros a oeste de Havana. Anteriormente, um avião da companhia aérea cubana Aerocaribbean caiu em 4 de novembro de 2010, com 68 pessoas a bordo, sendo 28 estrangeiros, quando fazia a rota entre Santiago de Cuba e Havana. Não houve sobreviventes. A queda da última sexta-feira é prejudicial à imagem da ilha caribenha, onde o turismo é elemento de peso para a economia.
ASSUNTOS: Mundo