Maduro anuncia sexto reajuste no salário mínimo em um ano
CARACAS — Pela sexta vez em um ano,o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, aumentou o salário mínimo, desta vez em 40%. O país enfrenta grave crise econômica, com uma das maiores inflações do mundo, de 1.369% em um ano, segundo medição realizada pelo Parlamento. Em sua mensagem de fim de ano, Maduro disse que 2017 foi um ano de assédio internacional contra os venezuelanos.
O salário-base agora passa para 248.510 bolívares (US$74 no câmbio oficial e US$ 3 no mercado paralelo). A esse valor se soma um bônus de alimentação de 549 mil bolívares, com o qual a renda mínima totaliza 798.510 bolívares (238 dólares na taxa oficial e 7,16 na paralela). Porém, o preço da cesta básica em novembro ficou em 3,8 milhões de bolívares, sendo necessários quase cinco salários mínimos para comprá-la.
O último reajuste havia sido anunciado pelo presidente no início de novembro, quando o salário aumentou em 30%. E apenas dois meses antes, em setembro, o presidente já tinha elevado o valor em 40%.
Os sucessivos aumentos têm sido insuficientes para aplacar a crise, e grande parte da população não tem recursos básicos para a sobrevivência. Durante o Natal protestos que ficaram conhecidos como “revolta do pernil” foram registrados em Caracas e outras cidades venezuelanas pela ausência do produto, prometido pelo governo para as festas, por meio de um sistema de venda de comida a preços subsidiados em zonas populares.
Maduro acusou Portugal de sabotagem, argumentando que o país falhou em entregar o produto encomendado, o que foi descartado pelo chanceler português. Além disso, o governo venezuelano criticou a Colômbia, que teria atrasado ainda mais a chegada do produto. O país começou a enviar na sexta-feira 50 toneladas de carne.
Além dos altos preços e da inflação galopante, a Venezuela sofre com a grave escassez de produtos básicos, incluindo alimentos, itens de higiene pessoal e medicamentos. Ao longo do ano, houve muitos protestos, em que milhares de pessoas saíram às ruas contra o governo Maduro.
O Congresso, de maioria opositora, alertou que o país entrou numa hiperinflação e culpou o Banco Central de estimular a criação de dinheiro, permitindo ao governo financiar os constantes reajustes salariais para conter o descontentamento dos trabalhadores de maneira paliativa.
“Mais uma chacota para os trabalhadores, (Maduro) não faz nada para abaixar a inflação. Eles (chavistas) devem sair (do poder), motorista do desastre”, escreveu o líder opositor Henrique Capriles no Twitter.
Maduro convocou o país para discutir um plano de governo a partir do próximo sábado, mostrando claramente sua intenção de tentar a reeleição no pleito previsto para este ano:
— Vamos fazer um plano entre todos, vamos visualizar a Venezuela 2019-2025 — pediu Maduro ontem, numa clara alusão a um próximo mandato.
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