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Favorito na Colômbia, ex-prefeito tenta romper hegemonia de Santos e Uribe

Por Agência O Globo

01/01/2018 20h01 — em
Mundo



BOGOTÁ — A corrida para escolher quem vai governar a Colômbia começou à toda velocidade. E à frente do pelotão, que vai perdendo competidores após reunir cerca de 30 aspirantes no início, está o ex-prefeito de Medellín Sergio Fajardo, que lidera as pesquisas mais recentes por nove pontos percentuais. O dirigente já é oficialmente o candidato presidencial da Coalizão Colômbia, que reúne o seu movimento, o Compromisso Cidadão; os Verdes, da senadora Claudia López; e o Polo Democrático, do senador Jorge Robledo. Três líderes valorizados pela sociedade colombiana, com diferenças ideológicas, mas com duas bandeiras que os unem: a mudança e a luta anticorrupção.

Duas cabeças pensam melhor do que uma — três neste caso. O trio Fajardo, López e Robledo acredita que chegou o momento para uma nova política na Colômbia, após quatro períodos dominados pelos dois grandes pesos pesados do país produtor de café: Álvaro Uribe (que governou de 2002 a 2010) e Juan Manuel Santos (de 2010 a 2018).

O presidente sofre um desses paradoxos históricos que já afetaram previamente grandes governantes, aplaudidos no mundo, mas desprezados em casa. A última pesquisa de Yan Haas para vários meios de comunicação locais confirma que 68% da população desaprovam sua gestão à frente de um país que, para 76%, vai por “um mau caminho”.

São números contundentes que esquecem a paz assinada com o grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e que aconselham ao candidato liberal Humberto de la Calle, escolhido em primárias de baixíssima participação, a fazer um acordo com a esquerda ou com o próprio Fajardo.

De la Calle e parte do santismo deram guinadas, sem êxito, em direção ao representante da Coalizão Colômbia, que sabe que a velha política é uma carga pesada sobre as asas. A mesma velha política que empurra quem agora mesmo parece ser o seu grande rival, o ex-vice-presidente Germán Vargas Lleras, líder da Mudança Radical. O aparato de seu partido lhe proporciona um piso eleitoral de 20% para o primeiro turno, que será disputado em maio. Mas é um político com forte rejeição em todas as pesquisas de opinião. Sua ideologia acomodada flexibiliza acordos futuros, seja com o setor conservador de Uribe ou com parte da aliança governista.

Na direita, as coisas começar a clarear. O jovem senador Iván Duque, o favorito de Uribe, se impôs na pesquisa interna do Centro Democrático e deverá medir forças com a ex-candidata presidencial Marta Lucía Ramírez. Quem sair vencedor será o representante da “aliança do não”, formada por Uribe e outro ex-presidente, Andrés Pastrana.

Na esquerda, aparecem bem cotados Gustavo Petro, o polêmico ex-prefeito de Bogotá, e a ex-ministra Clara López, ambos dissidentes do Polo Democrático de Robledo. Produziram-se as primeiras aproximações em busca de um acordo, realizados através do Twitter. López até tomou um tinto (café colombiano) de forma discreta com Humberto de la Calle. No momento, nada é certo, embora todos saibam da fragilidade deste diante de Fajardo, Vargas Lleras e do candidato de Uribe.

E mais à esquerda, estão os dois candidatos que levantam a bandeira do chavismo: Rodrigo Londoño (seu nome de guerra é Timochenko) e Piedad Córdoba. O ex-líder das Farc lidera o ranking dos políticos nos quais os colombianos jamais votariam, com 37% de detratores. O aliado de ambos, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, alcança na Colômbia um dos piores índices do planeta, segundo o Gallup: 98% de impopularidade. Uma proximidade que impossibilita um resultado positivo nas urnas.


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