Eleições na Colômbia: falta de cédulas obriga votação com fotocópias
BOGOTÁ – Os colombianos votam neste domingo para eleger um novo Congresso nas primeiras eleições desde o histórico acordo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), fechado em 2016. Até o momento, o pleito segue sem grandes incidentes, com exceção da falta de cédulas oficiais em algumas zonas eleitorais, o que obrigou as autoridades a passarem a aceitar votos em fotocópias das mesmas, desde que devidamente assinadas pelo presidente da mesas de votação.
Segundo o registrador nacional (responsável pela organização das eleições) Juan Carlos Galindo, o problema é maior na capital Bogotá e na cidade de Medellín. Ao todo, foram impressas cerca de 30 milhões de cédulas para o pleito, no qual aproximadamente 36 milhões de colombianos estão habilitados a votar. As taxas de abstenção costumam ser altas nas eleições colombianas, já que o voto não é obrigatório no país, mas desta vez, com a participação das Farc e convocação às urnas por autoridades como o presidente Juan Manuel Santos, os eleitores foram em peso às urnas.
- Estas eleições são muito especiais. É a primeira vez em mais de meio século que as FARC, no lugar de estarem sabotando as eleições, estão participando – afirmou Santos logo na abertura da votação, que começou às 8h no horário local (10h no horário de Brasília) e vai até às 16h locais (18h em Brasília) – O que temos que fazer como colombianos é sair para votar, vencer o abstencionismo e votar maciçamente.
As eleições parlamentares deste domingo também servem como prévia para o pleito presidencial colombiano, marcado para 27 de maio. Isso porque, além de escolher os 280 representantes da Câmara e do Senado do país, os colombianos também devem escolher quais serão os candidatos à Presidência da esquerda e da direita em consultas internas das coalizões de ambos lados.
À direita, pelo Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe – que encabeça a lista de candidatos ao Senado – e o também ex-presidente Andrés Pastrana, disputam a vaga o senador Iván Duque, a ex-ministra Marta Lucía Ramírez e o ex-procurador Alejandro Ordóñez. Já pela esquerda, capitaneada pelos progressistas do Pólo Democrático e da Aliança Verde, o favorito para ficar com a candidatiura é o ex-prefeito de Bogotá Gustavo Petro, que enfrenta o também ex-prefeito, mas da cidade de Santa Marta, Carlos Caicedo.
Enquanto isso, a Força Alternativa Revolucionária do Comum, o partido que surgiu da guerrilha das Farc e assumiu a mesma sigla, e busca superar a rejeição de muitos eleitores após décadas de luta armada. Pelos termos do acordo de paz, as Farc tem garantidas pelo menos cinco das 108 vagas no Senado e outras cinco das 172 cadeiras na Câmara.
- Hoje é um dia histórico para a Colômbia. Estamos entrando na consolidação da paz. É a primeira vez na minha vida que voto, e o faço pela paz afirmou o ex-comandante rebelde Pablo Catatumbo, candidato ao Senado pelas Farc, depois de votar em Bogotá.
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