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Dois manifestantes são mortos a tiros em protestos no Irã

Por Agência O Globo

01/01/2018 6h01 — em
Mundo



TEERÃ — Dois manifestantes morreram na noite de domingo em protestos registrados na cidade de Izeh, no sudoeste do Irã, informou o deputado local Hedayatolá Jademi, segundo a agência Ilna.

— Habitantes de Izeh nse manifestaram como em outros lugares do país contra as dificuldades econômicas. Infelizmente, duas pessoas morreram e outras ficaram feridas — disse o deputado. — Não sei se os disparos vieram das forças da ordem ou de manifestantes.

Outras duas pessoas morreram na tarde de domingo em Dorud, num incidente indiretamente relacionado com os protestos. Alguns manifestantes assumiram o controle de um caminhão de bombeiros e o abandonaram numa ladeira. Na descida, o caminhão se chocou contra um veículo, causando a morte de dois passageiros, informou o governo na emissora estatal.

Na mesma cidade, outras duas pessoas haviam sido mortas no sábado, mas o governo local assegurou que as forças de ordem não realizaram disparos contra os manifestantes.

Desde a quinta-feira, diversas cidades iranianas se tornaram palco de grandes manifestações, sobretudo contra o alto custo de vida no país e ao governo e à sua política externa. No sábado, cerca de 200 pessoas foram detidas na capital Teerã.

Pelas redes sociais, mensagens incentivam os iranianos a continuarem com os protestos em Teerã e outros 50 centros urbanos. Apesar de o presidente, Hassan Rouhani, ter pedido calma e elevado o tom contra os distúrbios, milhares de pessoas continuam nas ruas contra o governo islâmico.

— O governo não vai demonstrar tolerância contra aqueles que depredam propriedade pública, violam a ordem pública e criam agitação na sociedade — disse Rouhani, à TV estatal.

As marchas foram desencadeadas pelo recente aumento de 40% no preço do ovo e das aves para consumo, a que o governo atribuiu aos receios de uma gripe aviária; no entanto, acabaram se convertendo numa massiva onda de protestos contra o autoritário regime

O acesso ao aplicativo Telegram e à rede social Instagram pelos celulares entrou sob restrição no domingo, numa medida que, segundo o governo, será temporária. As autoridades acusam grupos estabelecidos no exterior de recorrer aos recursos, especialmente o Telegram, para convocar a população a ir às ruas e a usar coquetéis Molotov e armas de fogo.

Os manifestantes que foram às ruas na sexta-feira para reclamar dos preços altos logo também se voltaram contra os clérigos e as políticas do governo iraniano, liderado por Rouhani. Espalhados pelo país, os participantes gritavam “Morte a Rouhani” e “Não a Gaza, não ao Líbano, minha vida é no lrã”, em crítica ao foco do governo na política externa e nos conflitos regionais em vez dos problemas internos do país.

A economia do Irã registrou avanços econômicos desde a formalização do acordo nuclear com potências mundiais, uma vez que algumas sanções internacionais foram levantadas em troca da limitação do seu enriquecimento de urânio. Agora, Teerã vende petróleo ao mercado global e já assinou contrados de dezenas de bilhões de dólares com o Ocidente. No entanto, os iranianos não veem todos estes progressos chegarem às suas casas. As taxas de desemprego permanecem altas e a inflação voltou ao índice de 10% ao ano.


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