Análise: Cenário extremo na crise da Catalunha
Ogoverno espanhol de Mariano Rajoy escolheu a mais dura das fórmulas possíveis para a intervenção na Catalunha. Um cenário de extremos. Ainda que negue, na prática, todo o controle da região passará potencialmente a Madri.
É um passo longo mas que, por enquanto, não se ativa. A medida fica dependendo da aprovação do Senado, algo que pode ocorrer esta semana ou em um prazo máximo de dez dias.
Nesta espiral que a crise tem caminhado, de prazo em prazo e de prorrogação em prorrogação, desta vez, este parênteses de dez dias é a margem única e final que resta para desativar a medida mais dura da democracia espanhola.
Se até que o Senado aprove a colocação em prática do artigo 155 o presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, não arredar o pé, este é o cenário que aguarda a região sobre a qual ele deixará de governar. Suas atribuições passarão a estar sob o controle de Madri.
Todo o governo, com seu vice-presidente e seus ministros, será removido dos cargos. As principais decisões passarão a depender do governo espanhol. As contas da Economia serão controladas pelos ministérios de Luis de Guindos e Cristóbal Montoro.
Os Mossos d’Esquadra, a polícia regional catalã, cujo papel no passado referendo de 1º de outubro esteve sob suspeita, os meios públicos de comunicação. Tudo passa a estar sob o olhar de Madri.
Junto com isso, o Parlamento catalão fica seriamente afetado em suas funções. Poderá continuar operando, mas sempre que “não decidir nada que vá contra o artigo 155”, segundo explicaram fontes do governo central. Fica tão limitado que o presidente do governo espanhol se reserva o direito de dissolvê-lo, caso considere necessário.
É de longe o conjunto de medidas mais restritas para o funcionamento democrático de uma região autônoma que se aplica em 40 anos de democracia na Espanha.
Muito se especulava sobre o caráter que Mariano Rajoy daria à intervenção. Se seria “dura” ou, ao contrário, se usaria uma “visão cirúrgica”, muito específica e pontual.
Ficou claro que optou pela possibilidade máxima, a que assegura o controle de todos recursos. Isso, acima de tudo, envia uma poderosa mensagem de autoridade. “Na Espanha, se respeita a lei. Essa é a base de um estado de direito”, disse.
É um Rajoy que, até agora, não se conhecia. O homem calmo e que esperava se pôs à frente da ofensiva.
**La Nación integra o Grupo de Diários América, do qual O GLOBO faz parte
ASSUNTOS: Mundo