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Alarme falso no Havaí intensifica críticas a Trump

Por Agência O Globo

14/01/2018 19h01 — em
Mundo



WASHINGTON — O alarme falso sobre um ataque com mísseis no Havaí na manhã de sábado fez mais que levar pânico ao arquipélago americano no Pacífico: trouxe, uma vez comprovado que o disparo do alerta fora acidental, dúvidas sobre o sistema de defesa dos Estados Unidos e as medidas tomadas pelo presidente americano, Donald Trump, para evitar uma confrontação nuclear com a Coreia do Norte que poderia, verdadeiramente disparar mísseis contra o Havaí.

— O que me irrita é que o alarme falso foi disparado e temos que consertar isso no Havaí, mas precisamos nos concentrar em entender porque o povo do Havaí e dos Estados Unidos enfrenta a ameaça de um ataque nuclear da Coreia do Norte, e o que o presidente está fazendo para eliminar essa ameaça — afirmou a congressista havaiana Tulsi Gabbard à CNN. — Tenho pedido ao presidente Trump que negocie diretamente com a Coreia do Norte e se sente à mesa com Kim Jong-un.

A congressista afirma que exigir o fim do programa nuclear da Coreia do Norte seria inviável, e acredita que os Estados Unidos devem reconhecer que o desenvolvimento de armas nucleares no país é motivado por décadas de tentativas do governo americano de derrubar governos estrangeiros.

— Eles acreditam que seja a única maneira de deter uma ação americana que derrubaria seu regime — disse Gabbard.

O alarme foi creditado a um erro da equipe. Cerca de 40 minutos após o alerta inicial, líderes havaianos afirmaram se tratar de um engano, e o governador do estado, David Ige afirmou à CNN que um empregado havia “apertado o botão errado”, disparando o alerta, classificado pela secretária de Segurança Interna, Kisrtjen Nielsen, como “muito infeliz”. A Casa Branca respondeu ao alarme falso lançando um comunicado culpando o Havaí, afirmando que o presidente fora avisado.

“O sistema falhou miseravelmente e precisamos recomeçar”, afirmou, no Twitter, o senador havaiano Brian Schatz, do Partido Democrata, que prometeu trabalhar em conjunto com o Comando Militar dos EUA no Pacífico, em “uma ação para garantir que o processo seja reparado.” “Essa é uma responsabilidade estadual, mas tomaremos uma atitude coletiva”.

A reação de Trump, que não se pronunciou sobre o tema, e tuitou novos ataques à imprensa antes da informação sobre o ataque ser desmentida, gerou fortes críticas ao presidente. No Twitter, Patrick Granfield, ex-diretor de comunicações estratégicas do Pentágono, comemorou o fato de Trump estar jogando golfe no momento do alerta.

“Ainda bem que o presidente estava jogando golfe, porque isso significa menos chances de que ele agisse impulsivamente e causasse danos reais a americanos e outros”, afirmou Granfield. “Além de agradecimento pelo fato de que ninguém se feriu hoje, há também o temor pelo grande risco que corremos com um indivíduo tão destemperado e impulsivo no controle de um arsenal nuclear. Esse medo é real e compreensível muito além do Havaí e da Península Coreana”.

Uma mensagem semelhante foi compartilhada por Morris Davis, ex-promotor-chefe das comissões militares no complexo militar da Baía de Guantánamo.

“Por 38 minutos, cidadãos americanos no Havaí se prepararam para o ataque de um míssil balístico e Donald Trump continuou jogando sua partida de golfe na Flórida, em sua 120ª folga paga com dinheiro dos contribuintes em menos de um ano”, escreveu Davis.

Para Gabbard, além da ameaça representada pelo programa nuclear da Coreia do Norte, o alarme falso evidenciou o risco de uma guerra nuclear decorrente de erros e informações falsas.

— Não se trata apenas de um presidente tomando a decisão de usar uma arma nuclear — afirmou a senadora. — São esses tipos de erros que nos colocam a um passo de uma guerra nuclear que poderia ser acidental. Essa medida de segurança que falhou de maneira tão épica, causando tanto terror no estado do Havaí, tem que ser consertada imediatamente e os responsáveis pelo alerta devem ser repreendidos.

Em setembro, Pyongyang realizou seu sexto teste nuclear e, em dezembro, o “Star-Adviser”, um dos principais jornais de Honolulu, afirmou que um míssil disparado da Coreia do Norte poderia atingir o Havaí em 20 minutos. Em resposta, o Havaí — o mais próximo entre os 50 estados do país do território norte-coreano — reintroduziu alertas e sirenes da época da Guerra Fria, e realizou testes bem sucedidos de resposta a ataques com mísseis balísticos.


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