WASHINGTON - O governo de Donald Trump ampliou de maneira dramática o universo de imigrantes sem documentos que podem ser deportados dos EUA, ao revogar diretrizes da administração Barack Obama que davam prioridade aos que haviam cometido crimes graves ou que haviam sido apreendidos ao entrar de maneira ilegal no país. Os únicos grupos poupados pelas novas regras são os que chegaram ao território americano quando eram crianças e os pais de cidadãos americanos ou de residentes legais.

As novas medidas, anunciadas na manhã desta terça-feira, 21, aumentam a discricionariedade dos atuais agentes de imigração e determinam a contratação de outros 10 mil. Com as diretrizes, grande parte dos que vivem sem documentos nos EUA passam a integrar a lista de prioridades para deportação.

Além dos condenados pela prática de qualquer delito, elas abrangem os que estão sendo julgados ou os que tenham praticado atos que “podem” constituir crime. Não há distinção entre delitos graves e os de menor potencial ofensivo. As novas prioridades incluem ainda os que tenham praticado fraude ou dado informações falsas a agências governamentais, tenham abusado do recebimento de benefícios públicos, sejam objeto de uma ordem final de remoção do país ou que representem um risco à segurança nacional, de acordo com o julgamento do oficial de imigração.

Cerca de 11 milhões de estrangeiros vivem de maneira irregular nos EUA, onde trabalham em construção, serviços de limpeza, restaurantes, hotéis e na agricultura. Muitos deles fornecem dados falsos para obter o registro de Seguridade Social, o que facilita a obtenção de emprego e permite que eles paguem impostos no país. O próprio governo estima que 3,1 milhão de imigrantes sem documentos recolhem cerca de US$ 12 bilhões em impostos a cada ano.

Continuará em vigor a diretriz da administração Obama que suspende as deportações dos que entraram nos EUA quando tinham menos de 16 anos de idade, um programa conhecido pela sigla Daca. Essa medida tem sido renovada periodicamente e não está claro se será estendida pelo governo em novembro, quando perde sua validade. A diretriz também protege de deportação os adultos que sejam pais de cidadãos ou residentes legais nos EUA e tenham entrado no país depois de janeiro de 2010.

A deportação de imigrantes em situação irregular e a construção de um muro na fronteira do México foram duas das principais promessas de campanha de Trump. Quando lançou sua candidatura, ele disse que iria retirar do país todos os 11 milhões de estrangeiros sem documentos. No fim de 2016, ele reduziu o número para algo entre 2 milhões e 3 milhões de pessoas.

Há dez dias, agentes de imigração conduziram operações em todo o país que levaram à prisão e à deportação de 680 pessoas, o que provocou pânico em comunidades de imigrantes. O governo disse que as ações já estavam planejadas e tinham por alvo pessoas que haviam sido condenadas pela prática de crimes - de acordo com dados oficiais, elas representaram 75% das que foram apreendidas.