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Luis Scola, o mestre-sala argentino

Por Agência O Globo

29/07/2016 3h52 — em
Esportes



Luisito, de 10 anos, secava a quadra do Luna Park, em Buenos Aires, no Mundial de 1990. Vinte e seis anos depois, o menino se transformou no gigante Scola, e não por seus 2,06m, mas por ser o atleta exemplar que se tornou a face da Geração Dourada do basquete argentino, ouro em Atenas-2004. No país, é mais popular até do que Manu Ginóbili, tetracampeão da NBA com os San Antonio Spurs, talvez por nunca ter se distanciado da seleção. Daqui a uma semana, no Maracanã, o pivô do Brooklyn Nets carregará a bandeira alviceleste na abertura dos Jogos.

— É um orgulho muito grande. Para muitos, o mais alto que se pode chegar no esporte — disse ele ao GLOBO, por whastapp, da Argentina. — Imagino que as coisas que fiz na minha carreira foram determinantes para que eu levasse a bandeira. Não tenho que mudar, foi uma reafirmação de que o que fiz foi correto.

Conquistas que não voltam mais

Scola é um dos quatro medalhistas de ouro que virão ao Rio. Os outros são Andrés Nocioni, de 36 anos, Carlos Delfino, 33, e Ginóbili, 39 — porta-bandeira em Pequim-2008. Essa geração foi prata no Mundial de 2002 e bronze em Pequim. Hoje, o porta-bandeira trata de tirar o peso dos ombros dos atuais companheiros.

— É claro que essa nova geração, mesclada com atletas medalhistas, desperta certa expectativa, mas seria injusto pedir o mesmo resultado. Foram conquistadas coisas muito difíceis, que talvez não voltem a se repetir — afirmou, realista.

No último Mundial, em 2014, Scola marcou nove pontos na derrota por 85 a 65 para o Brasil, hoje comandada por Rubén Magnano, técnico argentino do ouro na Grécia. O revés foi um ponto fora da curva numa carreira de vitórias contra a seleção brasileira. No Mundial de 2010, marcou 37 pontos ao eliminar o Brasil nas oitavas (93 x 89); na final da Copa América de 2011, fez 32 no título sobre o Brasil (80 x 75); e em Londres-2012, 17 na vitória nas quartas (82-77).

— Não vivo a rivalidade Brasil e Argentina como outras pessoas. Não tenho bronca especial, mais vontade de ganhar ou quero que percam quando não jogamos contra eles. Não vivo a rivalidade como um torcedor fanático de futebol:

Entre seus admiradores, está um pivô brasileiro, Tiago Splitter, com quem jogou no Saski Baskonia, da Espanha, dos 18 aos 23 anos.

— É um cara que me ensinou a jogar. Me ensinou muitas coisas em quadra, desde ética de trabalho a atacar a defesa adversária. Tem muita personalidade, joga duro, às vezes até demais. Ele quer sempre ganhar — elogiou Splitter, que, lesionado, está fora do Rio-2016.

EUA entendeu regras Fiba à perfeição

Os arquirrivais se enfrentam em 13 de agosto, pela penúltima rodada da primeira fase. No que é considerado o “grupo da morte”, estão ainda Espanha, Lituânia, Croácia e Nigéria. Apesar das quatro vagas na quartas, as equipes batalham por três. O quarto colocado é o virtual adversário dos EUA.

— Um montão de coisas pode acontecer. Cada jogo vai valer muito. Esse dia em particular vai ser especial pela rivalidade — ressaltou Scola.

Se enfrentar os americanos, o pivô tem o histórico a seu favor. Ele fazia parte, em 2002, da primeira equipe a bater (87 x 80) uma seleção dos EUA com jogadores da NBA. Havia um porém: os dois times jogaram classificados para a fase seguinte. Dois anos depois, repetiram a dose em Atenas ao vencer por 89 a 81.

— Há 10 ou 15 anos, eles não entendiam as regras, o sistema de competição, os rivais, o que permitiu que tivessem más partidas, e que os outros times jogassem de igual para igual — explicou o pivô, que, há uma semana, foi derrotado por 111 a 74 para os EUA em amistoso. — Hoje, entenderam o basquete Fiba (regras diferentes da NBA) com perfeição, aprenderam a armar a equipe, com mais rendimento e flexibilidade. São muitos difíceis, mas invencíveis não.

Scola se irrita quando o sucesso do basquete é usado para minar os colegas do futebol, em especial Lionel Messi.

— Uma das grandes conquistas nossas foi a prata em Indianápolis, exatamente o mesmo resultado da Argentina na última Copa do Mundo — relembrou o jogador. — Elogiar alguém para criticar outro é um elogio feio, desagradável, não gosto e não aceito. Sou um profundo admirador de Messi. Não sou um seguidor do futebol, mas me parece injusto a maneira com que o tratam.


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