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Polícia investiga se tenista Thiago Wild quebrou medida de isolamento

Por Folha de São Paulo

27/03/2020 20h32 — em
Esportes



CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - A polícia do Paraná investiga se o tenista Thiago Wild, 20, deixou de seguir recomendação de isolamento por ter contraído o novo coronavírus.

Segundo apuração preliminar, mesmo após ser enquadrado como caso suspeito da doença em uma consulta médica, ele teria sido visto circulando por Marechal Cândido Rondon, sua cidade natal, no oeste do estado.

Nesta sexta-feira (27), o Ministério Público do Paraná também entrou com uma ação civil pedindo à Justiça que o atleta e seus familiares sejam obrigados a se manter em isolamento durante o período de recuperação ou suspeita de contágio pelo vírus.

O pedido é de aplicação de multa de R$ 50.000 caso algum deles descumpra o isolamento.

Segundo o delegado Rodrigo Baptista Santos, após Wild divulgar um vídeo nas redes sociais na terça-feira (24) confirmando que está com a doença, a polícia recebeu denúncias de que ele teria sido visto circulando pela cidade desde o dia 17, quando chegou do Rio de Janeiro, onde treina e vive. A polícia já confirmou que ele esteve em um cartório e na academia de tênis da família no período.

O Ministério Público também teve acesso a um termo de isolamento assinado pelo atleta em um hospital particular da cidade já no dia 17, quando se constatou a suspeita de contágio.

Caso fique comprovado que quebrou a recomendação, Wild pode ser enquadrado por infringir determinação do poder público para impedir propagação de doença contagiosa, cuja pena é de detenção de um mês a um ano e multa.

Ele ainda pode responder por um crime mais grave, o de causar epidemia, com pena de 10 a 15 anos de prisão. Nesse caso, deve ficar comprovado que ele tenha causado o contágio de outras pessoas mesmo sabendo do risco de propagação da doença.

O delegado afirmou que, justamente pelo cumprimento do isolamento domiciliar, Wild ainda não foi ouvido pela polícia, mas que deve ser intimado para responder ao procedimento na segunda-feira (30).

"Se fala bastante em responsabilidade individual em relação a essa pandemia e, no caso, as pessoas públicas têm que ter mais ainda. Nessa situação, a conduta dele falhou", disse Santos.

Em nota, o tenista admitiu que, enquanto ainda estava com suspeita da doença, esteve em um cartório da cidade e manteve os treinos, mas afirma que não teve contato direto com outras pessoas e que tomou todas as medidas preventivas indicadas para evitar o contágio.

"Após o diagnóstico do exame, o qual ainda necessita de contraprova, mantive total isolamento", afirma Wild na nota. Segundo ele, como não teve febre alta ou outro sintoma de alteração respiratória, o isolamento não seria obrigatório, mesmo com a suspeita da doença.

O atleta chamou de oportunista a divulgação de áudios entre moradores da cidade que teriam dito que ele foi visto abraçando pessoas e frequentando outros lugares.

"As falácias trouxeram aborrecimentos e humilhação para mim e minha família, por todas as mentiras inventadas e que jamais serão desfeitas. Pessoas que sequer me conhecem aumentam os comentários fakes, mas que ocorrem somente nesta cidade e não em âmbito nacional, onde, ao invés de ser atacado, tenho recebido inúmeras mensagens de apoio", finalizou.

No dia 1º de março, ele se tornou o mais jovem brasileiro a conquistar um título de nível ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), em Santiago, no Chile. Atualmente, ocupa a 114ª posição do ranking mundial.

Wild disse ainda que vai procurar na Justiça a responsabilização das pessoas que teriam divulgado notícias falsas sobre o caso.

No vídeo publicado no Instagram na terça-feira, ele afirmou que começou a sentir os primeiros sintomas do novo coronavírus dez dias antes.

"Eu vou ficar bem, já venho me sentindo bem nos últimos dias, mas estou passando aqui, principalmente, para alertar todo mundo que tem que ficar em casa, que tem tomar cuidado com isso, que é uma doença séria, mas pode ser controlada com a força de todo mundo", declarou.

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