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Estadual ganha ‘banho de loja’, mas ausência do Maracanã repercute

Por Agência O Globo

15/01/2018 17h01 — em
Esportes



Após anos de queda de público e muitas contestações à fórmula de disputa, o Estadual passou por um banho de loja para se mostrar mais comercial e atrativo em 2018. Tanto que contou com um evento de lançamento, marcado pela presença de Pelé, escolhido embaixador da competição. A repaginada no torneio é parte do trabalho da Esportecom, empresa que assinou contrato de quatro anos para gerenciar os contratos de publicidade do campeonato. Para a edição atual, foram apresentados 16 patrocinadores.

Apesar da nova roupagem, o Estadual, cuja fase principal (com os quatro grandes) começa nesta terça, não contará com seu principal atrativo durante boa parte do campeonato. O Maracanã, principal estádio do Rio e palco da maioria das decisões do torneio, ficará fechado para o futebol entre fevereiro e março. A agenda de shows e eventos ganhou prioridade em relação aos jogos.

— O presidente da concessionária que administra o Maracanã esteve na Ferj e passou as impressões deles e as necessidades que eles tinham de fazer contratos. A gente não entende muito. Na verdade, acreditamos que a prioridade do Maracanã deveria ser para as disputas de futebol. Não para shows e eventos. Mas eles já têm a agenda deles, e não adianta tentar mudar o que já foi estabelecido — lamentou o diretor de competições da Federação de futebol do Rio (Ferj), Marcelo Viana.

Com isso, as semifinais e final da Taça Guanabara, nos dias 9, 10 e 18 de fevereiro, devem ser realizadas no Nilton Santos. O estádio do Botafogo também deve ser o destino do primeiro clássico da Taça Rio, entre Flamengo e Fluminense. O duelo entre o Tricolor e o Vasco, marcado para 8 de março, é outro que não está garantido no Maracanã, já que a concessionária se comprometeu a entregar o estádio somente dois dias depois (mas haverá a tentativa de liberar o campo antes do prazo para a realização deste duelo).

Quem deve ganhar com isso é o Botafogo. Além de ter voltado atrás e decidido mandar seus clássicos no Nilton Santos, o clube espera faturar com o aluguel para outros clubes. Pelo estabelecido no arbitral, o valor a ser cobrado pelo estádio é de R$ 100 mil em jogos entre grandes e pequenos, e R$ 200 mil nos clássicos. O presidente Nelson Mufarrej garante que o campo está pronto para receber o Estadual.

— O gramado foi tratado. Acho que está muito bom. Estive lá no jogo-treino que fizemos no campo auxiliar e pude conferir. Mas vamos ver amanhã (terça), que é o teste para todos dizerem se está bom ou ruim — afirmou o mandatário, referindo-se à estreia do Botafogo na Taça Guanabara, contra a Portuguesa, às 21h30.

Quem mais se prejudicou com a ausência do Maracanã foi o Fluminense. O clube vagará entre estádios atrás do melhor custo-benefício. A prioridade será dada a Moça Bonita. Mas, como o estádio do Bangu não possui refletores, mandará os jogos noturnos em Los Larios.

— Contra o Botafogo, conseguimos levar para o Maracanã. Em relação aos demais jogos, contra os times de menor investimento, vai depender muito do horário. Em princípio, vamos jogar em Moça Bonita. Já para os jogos noturnos, dependemos do Tigres (proprietário) conseguir a liberação dos laudos. Ou vamos para o Nilton Santos. Mas custo lá é mais alto. Precisaria ser um jogo de maior apelo — explicou Marcelo Penha, assessor da presidência do Fluminense, que representou o clube no evento da Ferj.

O maior vínculo de Pelé, estrela da festa de lançamento, com o futebol carioca é justamente o Maracanã. Foi no estádio que o Rei marcou seu gol de número 1000 e conquistou o Mundial de Clubes pelo Santos. Ao ser perguntado sobre o mau momento vivido pelo estádio, o ex-jogador procurou desviar o foco e não entrou no assunto.

— Infelizmente, o que aconteceu no Maracanã não é o fato de ter sido no Maracanã. Essa decadência foi em todo o país. Às vezes eu fico quieto, porque tem jornalistas que não entendem direito e criam coisas que não são verdadeiras. A gente está preocupado com o Maracanã, mas não lembra dos hospitais, do povo, que pessoas morrem de fome. Porque ninguém fala nisso? Tudo bem que o Maracanã foi de uma época que colocava 80 mil e hoje não põe mais. Mas temos que nos preocupar é com hospitais, com os pobres. Se não tiver Maracanã, bota jogo no estádio do Vasco. Agora, vamos pensar no povo, na saúde, nas crianças, das quais eu falava há 30, 40 anos. São os adultos de hoje. Se tivéssemos dado educação a elas, não teríamos hoje tanto ladrão e gente nas cadeias — disse Pelé.


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