Conheça as estratégias de Mike D’Antoni dos Rockets
Você já deve ter escutado que não é possível esperar resultados diferentes fazendo sempre as mesmas coisas. A frase não é de autoria de Mike D’Antoni, técnico dos Rockets, mas bem que poderia ser. Equipes comandadas por este americano de 66 anos aplicaram algumas das mais inovadoras ideias do basquete moderno. Na tentativa de bater os atuais campeões Golden State Warriors na Costa Oeste, D’Antoni apronta de novo. Seu time tem tudo para entrar para a história da NBA como o primeiro a arremessar mais da linha dos três pontos do que de dentro do perímetro, na média da temporada.
Tem funcionado. A um mês do fim da temporada regular, o Houston tem a melhor campanha, com 54 vitórias e 14 derrotas. Para se ter a ideia do quão improvável é o estilo de jogo do time, até 2010 só dois jogos haviam terminado com um dos times arremessando mais de três do que de dois. Na atual temporada, 50,2% dos chutes dos Rockets foram de longe. Com suas duas estrelas em quadra, James Harden — barbada para ganhar o prêmio de melhor jogador da temporada — e Chris Paul, os Rockets venceram 38 vezes e só perderam quatro.
Não é feitiçaria, é matemática. Os arremessos longos de dois pontos que marcaram a carreira de Michael Jordan não são bem-vindos por serem menos eficientes. As outras duas formas do Rockets pontuar são do semicírculo em baixo da tabela, dentro do garrafão, e da linha de lance livre.
— Eu simplesmente tenho uma maneira de pensar que devemos jogar e tentar manter nosso estilo até o final. Embora tenha tomado algumas pancadas, você deve continuar — disse D’Antoni em recente entrevista ao Houston Chronicle.
De fato, ele tomou pancadas. Passou três temporadas como armador na NBA dos anos 70 antes de ser dispensado. Pensou em abandonar o esporte, mas virou ídolo do Olimpia Milano, da Itália, com cinco títulos nacionais, dois títulos europeus e um Mundial. Aposentou-se em 1990, quando virou treinador da equipe.
— Um dia resolvi que faria as coisas do jeito que eu queria, e que se dane as consequências — afirmou, em entrevista ao Business Insider.
O tal jeito era um ritmo frenético. Velocidade e arremessos de três pontos. Bicampeão italiano e vencedor de duas copas nacionais, foi para os Phoenix Suns em 2002. Primeiro como assistente e no ano seguinte como técnico. Aperfeiçoou a estratégica, especialmente após a chegada do armador Steve Nash em 2004. Criou “a regra dos sete segundos”, que dispensava os outros 17 segundos de posse de bola. Era atacar e decidir. Criar o maior número de posses de bola por jogo, e também de pontos.
Lá jogou com pivôs mais móveis do que altos. Botava em quadra cinco atletas baixos para o padrão do basquete. Hoje isso é chamado de “small ball”, algo que foi levado às últimas consequências pelo Warriors, campeão de duas das últimas três edições da NBA. Aquela equipe dos Suns marcou época, mas não foi campeã. Passagens ruins pelos Lakers e Knicks levantaram dúvidas sobre D’Antoni. Seriam seus times previsíveis?
A resposta veio com o sucesso do técnico Steve Kerr, que foi executivo dos Suns nos tempos de D’Antoni. Nos Warriors, aplicou ideias daquele Phoenix com adaptações e a ajuda de craques, como Stephen Curry. Embora seja visto como um time que arrisca muito da linha de três, “apenas” 34,9% do arremessos saíram dali nesta temporada. O sucesso ligou o radar dos Rockets que, há dois anos, deram uma nova oportunidade a D’Antoni na liga. Agora, o Houston é o maior candidato a bater o campeão Golden State.
O mundo da NBA dá muitas voltas.
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