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Operação Lava-Jato afeta eleição e prejudica PT

Por Agência O Globo

02/10/2016 4h00 — em
Brasil



 Além da crise econômica e do desemprego alto, outro ingrediente poderá influenciar as eleições municipais de hoje: a Operação Lava-Jato. Mas seu impacto vai variar, dependendo da localidade e do partido. O grande prejudicado deve ser o PT, mas sem um claro substituto para ocupar seu espaço. Em vez disso, prevê-se uma maior fragmentação, com mais partidos ocupando prefeituras, inclusive nas capitais. A Lava-Jato também aumentou a força de candidatos que despontam como antipolíticos, mas analistas avaliam que isso é mais discurso do que realidade.

— É um grande equívoco esse discurso. Lembrando que Dilma Rousseff se dizia uma técnica, uma gestora, e não uma política. E deu no que deu. Mas há uma parcela do eleitorado que está tão crítica, amarga com os políticos, que se apresentar como antipolítico faz certo sucesso — diz o cientista político Carlos Melo, do Insper.

O PT, um dos partidos no centro da Lava-Jato, lançou 1004 candidatos a prefeito este ano, contra 1779 em 2012, quando foram eleitos 630 no primeiro turno e outros 21 no segundo. Dentre eles prefeitos de quatro capitais: São Paulo, Goiânia, João Pessoa e Rio Branco. As pesquisas do Ibope indicam agora que o partido deve reeleger apenas Marcus Alexandre, em Rio Branco. Melo compara a situação do PT com a de 2012, quando houve o julgamento do mensalão. A diferença é o momento econômico.

— A Lava-Jato é importante, mas se a economia estivesse andando bem, a Lava-Jato talvez fosse percebida da mesma forma como foi o mensalão. A situação econômica boa tende a relevar todo o resto — diz Melo.

Embora haja um perdedor, os cientistas políticos não creem em grandes vencedores, mas numa fragmentação de forças. Em 2012, 11 partidos elegeram prefeitos de capitais. Agora, existe a possibilidade de até 18 alcançarem esse feito.

O cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB), lembra que há hoje duas forças no embate. De um lado os que se dizem antipolíticos sem serem de fato. Do outro, candidatos com larga experiência.

— A Lava-Jato estimulou candidaturas, entre aspas, independentes, outsiders que na verdade não são tão outsiders. Se você pensar em João Doria (candidato em São Paulo), ele tem um padrinho político forte, que é o próprio governador (Geraldo Alckmin), sem falar no partido dele, que é o PSDB, no poder (no estado) há duas décadas praticamente — afirma Caldas.

Segundo Malco Braga Camargos, da PUC Minas, a queda da credibilidade dos políticos levou os partidos a oferecerem mais alternativas ao eleitor, fugindo do perfil tradicional de político.

— Nós temos de uma lado mais candidatos, de outro lado um eleitor menos interessado. Aumenta a imprevisibilidade, e de certa forma diminui a qualidade do voto — diz Camargos.


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ASSUNTOS: eleições 2016, Lava Jato, Policia Federal

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