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Brasil comemora bom resultado na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica

Por Agência O Globo

23/11/2017 17h11 — em
Educação



RIO – A equipe brasileira na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA, na sigla em inglês) acaba de voltar de Phuket, Tailândia, onde sua 11ª edição foi realizada este ano, comemorando o melhor resultado do país na competição desde 2013. Ao todo, foram cinco medalhas: uma de prata, para João Vitor Guerreiro Dias, de São Paulo; duas de bronze, para Nathan Luiz Bezerra e Vinicius Oliveira dos Santos, ambos de Fortaleza; e duas de menção honrosa, para Bruno Gorresen Mello, de Belém, e Pedro Pompeu Carneiro, também de Fortaleza. Bruno recebeu ainda um prêmio especial por ter ficado em terceiro lugar na prova em equipe, que este ano reuniu times de sete estudantes de países diferentes.

Segundo Gustavo Rojas, físico da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo, e um dos líderes da equipe, o bom resultado deste ano reflete mudanças no processo de seleção e treinamento dos alunos do ensino médio que integram o time nacional implantadas a partir de 2012, quando a olimpíada foi sediada no Brasil. Todos participantes estavam entre os jovens que obtiveram os melhores desempenhos entre os mais de 100 mil estudantes do ensino médio que competiram no nível 4, o mais alto, na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) de 2016. Eles foram então convidados a participar de um processo seletivo em três etapas, com duração de um ano, sendo que, na etapa final, os candidatos também receberam treinamento em tópicos avançados de astronomia, ministrado por professores convidados de diversas universidades brasileiras.

- No panorama geral dos países participantes (foram 44 este ano, com 219 jovens competidores), o Brasil tem se destacado, ficando entre os 15 primeiros colocados – diz. - Não dá ainda para comparar com as grandes “potências” que já têm certa “tradição” na olimpíada, como Irã, Índia, Rússia e China, mas estamos no mesmo nível de países europeus como Reino Unido e República Tcheca e à frente de nossos vizinhos latino-americanos.

Agora, conta Rojas, uma das principais ambições é trazer para o país sua primeira medalha de ouro na história competição, que João Vítor lamentou ter deixado escapar.

- Acho que tive um desempenho bom, fiquei feliz com o resultado – conta o estudante de 17 anos que está terminando o terceiro ano do ensino médio no Colégio Etapa, na capital paulista. - Tinha este sonho de ganhar a primeira medalha de ouro brasileira da olimpíada, mas infelizmente não deu.

Rojas destaca que, como era de se esperar, esta não é uma tarefa fácil. Para levar uma medalha de ouro, o estudante deve obter pelo menos 90% dos pontos nas provas da competição, que inclui uma parte teórica, com questões envolvendo temas como mecânica celeste, cosmologia e evolução de estrelas e galáxias, e uma parte prática dividida em duas provas, uma observacional e outra de análise de dados.

Na prova observacional, que pode ser realizada no céu real ou em planetários, por sua vez, são cobrados conhecimentos como constelações, estrelas e objetos do céu profundo, uso de cartas celestes e catálogos e estimativas de coordenadas celestes e magnitudes de astros. Binóculos, telescópios e detectores podem ser usados nesta fase. Já a prova de análise de dados cobra avaliações de estatísticas de dados sobre fenômenos astronômicos, exigindo, entre outras coisas, a elaboração de gráficos em diferentes escalas, identificação de fontes de erro e conhecimento de algumas técnicas experimentais em astronomia.

- É um nível acadêmico altíssimo, com questões que muitos estudantes universitários não conseguiriam fazer – destaca Rojas. - É extremamente difícil conseguir uma medalha de ouro nas olimpíadas internacionais de astronomia, muito mais que nas de física e matemática, por exemplo. Tanto que, este ano, dos quase 220 participantes, só dez ganharam ouro.

Para tanto, Rojas espera, mesmo com a crise no financiamento às pesquisas científicas no país, continuar a contar com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para a realização da OBA e a seleção e treinamento dos candidatos brasileiros à competição mundial e também a Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (Olaa). Segundo ele, a competição brasileira exige investimentos da ordem de apenas R$ 500 mil ao ano para atingir cerca de 720 mil alunos desde o 3º ano do ensino fundamental ao fim do ensino médio.

- Não dá nem R$ 1 por aluno e temos um retorno absurdo, mas para mantermos uma estrutura que atinge um número tão grande de estudantes no país dependemos do apoio governamental – afirma, lembrando ainda que o Brasil é um dos poucos países onde a sociedade nacional de astronomia, no caso a Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), apoia e respalda todo o processo. - Isso traz um diferencial enorme tanto na nossa participação nas olimpíadas internacionais quanto na divulgação científica, despertando o interesse de milhares de jovens pelos temas da astronomia.


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