Compartilhe este texto

S&P espera resultados e não apenas comprometimento com ajuste fiscal

Por Agência O Globo

22/08/2017 18h08 — em
Economia



SÃO PAULO - A Standard & Poor's (S&P) vê a equipe econômica comprometida em mudar a situação fiscal do país. No entanto, reforça que além dessa boa vontade, a agência de classificação de riscos quer ver resultados. Na avaliação de Roberto Sifon Arevalo, diretor-geral de rating soberanos da S&P, mudar a nota do Brasil, que está em BB (dois níveis abaixo do grau de investimento), depende do governo adotar e implementar uma estratégia que freio o processo de deterioração das contas públicas e mude a dinâmica da dívida.

— A equipe econômica continua mostrando um forte nível de comprometimento (com o ajuste fiscal). Mas só comprometimento não é suficiente. É preciso ver resultados — disse, em conversa com jornalistas nesta terça-feira.

Segundo ele, para alterar a nota do Brasil, a agência olha uma combinação de fatores, como as reformas que estão em curso, como a da Previdência. No entanto, essa combinação precisa levar a uma perspectiva melhor para a dívida pública. Esses fatores estarão sob análise da S&P nos próximos meses, que é quando deve ser tomada uma definição em relação ao rating, que atualmente está com nota BB e perspectiva negativa.

— É uma combinação de fatores. Mas, para simplificar, qualquer que seja a combinação, a trajetória final tem que parar de se deteriorar e mudar a dinâmica. Há várias estratégias para isso. Nós vemos uma abordagem mais gradual para um problema severo — disse.

Sifon Arevalo evitou entrar no mérito sobre uma mudança de equipe em um novo governo, a partir das eleições de 2018, mas explicou que a agência não precisa esperar o pleito para alterar a nota do Brasil, uma vez que o horizonte para a mudança é de seis a nove meses. Como a perspectiva está negativa, a chance maior é de rebaixamento. Ele reconheceu ainda que apesar do comprometimento da equipe econômica em fazer o ajuste fiscal, há uma dependência do Congresso Nacional, o que faz com as medidas nem sempre sejam implementadas da forma planejada.

— Claramente a situação política brasileira é complicada, para dizer o mínimo — disse, se esquivando de dar projeções sobre a aprovação das medidas fiscais anunciadas na semana passada, quando o governo também anunciou uma meta maior para o déficit primário (quando as despesas ficam acima das receitas).

Além de admitir que quer ver resultados, o diretor da S&P não vê uma recuperação da economia brasileira. Para ele, o Brasil, no máximo, parou de piorar. A agência planeja um crescimento abaixo de 0,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. Para ele, essa expansão está muito aquém de outras economias do mundo.

O Brasil conquistou o grau de investimento em 2008 e o perdeu em 2015, com a deterioração das contas públicas, que colocou em trajetória crescente a relação entre dívida e PIB. Pasra Sifon Arevalo, é pouco provável um país recuperar essa nota, que serve como uma espécie de selo de bom pagador para os investidores, em um espaço de cinco anos.

— A história mostra que é raro quem perdeu o grau de investimento recuperar nesse tempo. O Uruguai levou 15 anos — lembrou.

A diretora global de ratings (notas de crédito) da agência de classificação de risco Standard & Poor's, Julyana Yokota, afirmou que a intenção do governo federal em vender ações da Eletrobras não afeta a avaliação da empresa de forma imediata.

— Qualquer privatização depende de mudança na legislação. A nota da Eletrobras reflete o rating do governo por eventual suporte em caso de necessidade financeira, como já ocorreu anteriormente. Essa notícia não tem efeito imediato porque há vários passos a serem tomados (para que ocorra a privatização) — disse.

Já Sifon Arevalo afirmou que o potencial de uma privatização frente a dívida do Brasil é pequeno e por isso, embora a venda da Eletrobras seja positiva do ponto de vista de geração de fluxo financeiro, não há impacto imediato sobre o rating ou perspetiva da nota do Brasil.


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Economia

+ Economia