SÃO PAULO - A incerteza política levou a agência de classificação de risco Standard & Poor's a colocar a nota de crédito (rating) do Brasil em observação negativa, ou seja, o país pode ser rebaixado devido ao temor de uma paralisação no processo de ajuste fiscal.

"Se as recentes alegações contra o presidente Temer forem confirmadas, a habilidade do presidente em permanecer no cargo e governar efetivamente poderia provavelmente se tornar insustentável", afirmou a S&P.

A nota soberana do do Brasil está em BB e, se for rebaixada devido à manutenção desse cenário traçado pela agência, irá para BB-. Desde setembro de 2015 o país não é mais grau de investimento no critério da S&P, que é uma espécie de selo dado aos países com melhor capacidade de pagamento. Para voltar a esse grupo, a nota brasileira precisaria subir em duas notas.

Além disso, vê um atraso no andamento do ajuste fiscal em razão das maiores dificuldades, agora, em se aprovar a Reforma da Previdência. "O governo estava perto de avançar com a Reforma da Previdência na Câmara nas próximas semanas. Mesmo nas melhores circunstância, há uma janela limitada para avançar no legislativo devido as eleições de 2018, que por si só podem gerar alguma incerteza devido à prevalência de políticos tradicionais desacreditado e isso prepara o terreno para "outsiders"", avaliou a agência.

A S&P considera que há muitas incertezas em torno da viabilidade política de Temer e que o prolongamento desse cenário ou um transição aumentam os riscos. "Um presidente enfraquecido, um longo ou um processo de transição disruptiva, ou um presidente com habilidade e disposição menores em avançar as reformas provavelmente atrasariam a recuperação econômica”, explica a agência sobre as principais razões para um possível rebaixamento.

O ministério da Fazenda atribuiu às incertezas causadas pelos eventos políticos recentes a decisão da agência de classificação de risco S&P Global Ratings de colocar a nota de risco soberano do Brasil em observação negativa, segundo nota.

Segundo a Fazenda, a agência reconhece a importância das reformas implementadas e reforça que medidas adicionais são necessárias o quanto antes, tal como a reforma da Previdência. Na avaliação da Fazenda, a nota de crédito poderá ser mantida em um cenário onde a incerteza política seja de curta duração e sob uma administração e equipe econômica que tenham apoio suficiente no Congresso para continuar avançando com medidas corretivas direcionadas a frear a deterioração fiscal e fortalecer as perspectivas de crescimento, segundo o comunicado.

A Fazenda reafirmou o seu compromisso com a recuperação da economia brasileira por meio de reformas estruturais que objetivam o equilíbrio das contas públicas, a sustentabilidade da dívida pública e a construção de novas bases para o crescimento sustentado.