Padilha diz que movimento deve começar a desmobilização ainda nesta quinta
BRASÍLIA - O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse esperar que os caminhoneiros comecem a voltar ao trabalho ainda nesta quinta-feira e que tudo esteja normalizado até domingo. Padilha manteve contato constante com o presidente Michel Temer, com quem conversou assim que o anúncio do acordo foi feito. Padilha disse que a política para o óleo diesel será feita até o final do ano e adiantou esperar que os governadores agora anunciem redução do ICMS. A questão será discutida nesta sexta-feira em reunião do Confaz, que terá a participação do próprio Temer.
- Quase quebramos o telefone - brincou Padilha, ao comentar o contato constante com Temer ao longo do dia.
Temer chegou a pensar em cancelar as viagens para Rio de Janeiro e Belo Horizonte, mas Padilha disse que negociaria, com a experiência de ex-ministro dos Transportes em 1999, quando houve paralisação parecida.
O governo quer pressionar os governadores, sabe que haverá resistências.
- Tentaremos que os governadores retirem o ICMS. Nosso desafio é baixar o preço do diesel - disse Padilha agora à noite.
Já o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, afirmou acreditar que a categoria começará a se desmobilizar na manhã desta sexta-feira. Segundo ele, o resultado da negociação ainda será apresentado aos caminhoneiros. Porém, em sua opinião, todos serão convencidos que houve conquistas importantes, como a redução de 10% do preço do diesel por 30 dias e a eliminação da Cide sobre o derivado de petróleo.
- A categoria, a partir de amanhã (sexta-feira), vai ter um grande alívio. Os caminhoneiros vão poder retornar para suas casas, encontrar suas famílias. Vamos apresentar à categoria o presente termo, para a suspensão do movimento por 15 dias, quando será realizada uma nova reunião do governo federal - declarou o presidente da CNTA, que evitou falar em quanto tempo os caminhões deixarão de bloquear as estradas.
- Não é possível dimensionar o tempo que vai levar, principalmente pela questão da segurança.
Bueno destacou que a entidade reúne mais de 1 milhão de caminhoneiros em todo o país. Ele reafirmou que o presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, que abandonou o Palácio do Planalto antes da reunião com representantes do governo federal terminar, não representa a categoria.
- Essa pessoa não tem reconhecimento da categoria e a Abcam é uma entidade associativa. Não é autorizada a falar em nome do movimento - afirmou.
Ao deixar o Planalto, Lopes disse que representava 700 mil caminhoneiros. Avisou que não iria desmobilizar os associados enquanto o projeto de reoneração da folha de pagamentos, que previa a redução do PIS/Cofins sobre diesel, não fosse votado pelo Senado.
- Cada problema que eles [o governo] arrumarem, o movimento vai ficando cada vez mais forte. Se querem pôr fogo nesse país, estão conseguindo - disse o presidente da Abcam.
ASSUNTOS: Economia