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‘Não tem mais como fazer ajuste por corte de gasto’, diz Margarida Gutierrez

Por Agência O Globo

20/07/2017 21h07 — em
Economia



RIO - Em entrevista, a especialista em contas públicas da UFRJ Margarida Gutierrez explica que governo pode ter de elevar ainda mais impostos.

Veja a entrevista completa:

Não sei. Vai depender das receitas que estão programadas. Há muitas dúvidas ainda sobre a evolução dessas receitas, principalmente sobre as extraordinárias, as que não são recorrentes, como o Refis, a repatriação e as medidas de concessão. Nada disso está certo. Se não entrarem (essas novas receitas), não vai ser suficiente para entregar a meta fiscal.

Estamos em julho ainda, pode ser que elas (as receitas extraordinárias) caiam. Principalmente as medidas de concessão.

O corte de gastos está no chão, no limite. Dos gastos do governo federal, 90% são obrigatórios. Os gastos discricionários, que são 10%, já estão no limite. Está faltando tudo. Toda a produção de serviço do governo, o custeio da máquina pública, está no chão. O investimento caiu, em termos gerais, 46% de janeiro a maio. O governo está fazendo uma “escolha de Sofia”. Não tem mais como fazer o ajuste em cima de corte de gasto.

Sim. Não tem mais o que cortar de custeio.

Acho que ele vai evitar ao máximo, porque isso gera muita desconfiança. Acho que não vai haver isso (mexer na meta). Pode ser que, lá na frente, no limite do limite, ele não tenha jeito. Mas, aí, estaria jogando a toalha. O governo está fazendo de tudo para evitar mudar a meta.

O que gera mais desconfiança é mudar a meta. O governo vai aumentar impostos pontuais. A Cide (que também incide sobre combustíveis) não entrou agora na história, pode ser que entre. O IOF é candidato também, porque é sobre operações financeiras e, em geral, tem menos impacto.

Aprovar a reforma previdenciária. Claro que o efeito não é imediato, mas é um alento. Se for aprovada alguma reforma previdenciária, está se trazendo para hoje uma expectativa favorável de algo que só vai acontecer no futuro. Dá uma acalmada o fato de que algum ajuste está sendo feito. E, com isso, ele (o governo) pode liberar um pouco mais a meta. Essa é a proposta do teto de gasto. O teto é muito interessante por isso.

Se a reforma da Previdência não for aprovada, o teto pode se transformar em uma armadilha para as contas públicas?

Não chamo de armadilha. Isso é para obrigar esse Congresso a fazer alguma reforma previdenciária. Em todos os países, sempre dá chiadeira. Ninguém quer perder direitos. Onde a gente vai parar, com esse gasto que não para de crescer? É insustentável.


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