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JP Morgan vê queda do PIB de 3,3%, falta de coordenação e instabilidade política no Brasil

Por Folha de São Paulo

27/03/2020 13h51 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O banco JP Morgan alterou a projeção de retração da economia brasileira de -1% para -3,3%, resultado próximo ao verificado nos anos de 2015 e 2016, quando o país passou por uma das piores recessões da história.

A instituição financeira norte-americana também avalia que a crise do coronavírus deve elevar as tensões sociais, ameaçando a estabilidade política e o progresso da agenda de reformas após a crise, correndo o risco de comprometer as perspectivas de médio prazo em relação ao país.

Depois de uma semana inteira de distanciamento social, pelo menos em partes do país, o banco diz que continua a ver políticas erráticas de respostas, que também afetam o sentimento da população. A falta de coordenação vista até agora entre os governos locais, estaduais e federais, segundo a instituição, levanta preocupações sobre a extensão e a eficácia da quarentena.

Para o banco, esse ambiente tende a prejudicar investimentos e o consumo das famílias, prejudicando especialmente os setores de construção e serviços, particularmente varejo, entretenimento e imóveis.

O banco diz que trabalha com um cenário de restrições parciais em todo o país até o final de abril e avalia que deve levar mais tempo para que empresas, trabalhadores e políticos se recuperem depois do período de contenção.

Além disso, pelo menos parte das restrições deve continuar por um período mais prolongado, especialmente em viagens, atividades e grandes eventos. Também deve levar tempo para as empresas, particularmente as pequenas e micro, com menos acesso a crédito, ajustarem seus balanços após a quarentena.

Em termos anualizados, a instituição estima uma retração de 6% no primeiro trimestre e de 20% no segundo trimestre deste ano. Na segunda metade do ano, espera-se apenas uma recuperação parcial, com o PIB subindo 11,5% no terceiro e 4% no quarto trimestres.

O governo deverá gastar o equivalente a 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em medidas fiscais diretas, mas o banco avalia ser necessário um pacote maior para estimular a economia no curto prazo, permitindo que as famílias, especialmente as mais vulneráveis, e as empresas possam suportar o período de movimento restrito.

O banco afirma não ver essas medidas fiscais como negativas, desde que seja mantida a regra do teto de gastos (que permite aumentar despesas por crédito extraordinário, por exemplo), pois a opção por não agir seria ainda pior para o crescimento a médio prazo.

Segundo a instituição, o tempo é fundamental neste momento e, quanto mais as autoridades demorarem para implementar essas medidas, mais estímulo será necessário e menor será o crescimento do país.

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