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'Foi o dia mais triste da vida', diz dono do Madero ao demitir 600 pessoas

Por Folha de São Paulo

02/04/2020 17h31 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O empresário Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero, afirma que a demissão de 600 funcionários nesta quarta-feira (1º) foi o dia mais triste da vida dele.

Durski, que causou polêmica na semana passada após dizer nas redes sociais que as mortes do coronavírus seriam inferiores à crise econômica, e depois reapareceu para se desculpar, afirma que a demissão de 600 pessoas atinge os trabalhadores que foram contratados para atuar no plano de expansão da rede. A previsão era abrir 65 novas unidades neste ano.

A equipe de expansão que foi desmontada, segundo ele, abrangia profissionais de arquitetura, engenharia, departamento de expansão para procurar novos pontos e outras pessoas que entram em treinamento até 120 dias antes da abertura de uma loja.

"Ficamos sem condição de fazer uma expansão neste ano. Temos nove restaurantes que estavam terminando, com mais de 80% construído. Achamos por bem desligar as pessoas envolvidas na expansão e não comprometer o time. É muito maior a quantidade de pessoas que permanecem do que as que saem. Trabalharemos para tentar voltar a uma expansão e buscar essas pessoas de volta porque elas vão estar no mercado ainda", afirma Durski.

Segundo o empresário, a rede possuía cerca de 8.000 funcionários. Até poucas semanas atrás, Durski estimava que o Madero manteria 50% das vendas durante a crise do coronavírus, o que lhe garantiria caixa suficiente para atravessar de quatro a seis meses com tranquilidade.

Ele diz, no entanto, que as vendas estão hoje em torno de 12% com os serviços de delivery e drive-thru.

"Então esse caixa, que seria de quatro cinco ou seis meses, caiu para dois meses. Não podemos quebrar a empresa. Se faltar caixa em um momento desses, fica muito difícil negociar com bancos. Se você não tem bons resultados, se não tem um bom balanço, e daqui a 60 dias vai falar com um banco, ele não empresta. O banco não é instituição de caridade. Foi uma decisão de responsabilidade. É preciso organizar a empresa", diz Durski.

O empresário afirma que parte das pessoas que foram mandadas embora trabalhavam no Madero há alguns anos e, portanto, ele diz acreditar que terão um colchão para suportar as dificuldades. "Os funcionários administrativos me preocupam pouco porque estavam conosco há dois, cinco anos. Eles têm um acerto bom, aviso prévio, liberação de multa do FGTS e seguro-desemprego para passar tranquilamente seis meses ou oito meses. Então a gente mantém a empresa saudável e eles aguentam esperar a gente ir buscar de volta. Esse é o racional", diz.

Questionado se as declarações polêmicas que ele fez sobre as mortes do coronavírus teriam impactado as vendas do Madero, ele afirma acreditar que não.

"Estou seguro que não, até porque eu fiz outras declarações e outros vídeos em outros tempos, e não mudou nada. Agora é difícil medir alguma coisa porque está parado. Tem pessoas que discordam, que podem não ir, mas tem outras que concordam, e vão mais, vão dar uma força", diz.

"Ontem foi o dia mais triste da minha vida. Mas tem que ser racional e tem que ser responsável", afirma Durski.

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