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Com recuperação em curso, repasse para preços de energia ao consumidor será difícil

Por Agência O Globo

18/03/2018 19h03 — em
Economia



RIO - O gerente da área de soluções e inovações do Sebrae/RJ, Ricardo Vargas, concorda: as empresas terão dificuldade para repassar a totalidade do aumento de energia para os preços. O país acabou de sair da recessão e a recuperação ainda é frágil. Qualquer diferença no preço pode afastar o consumidor e fazê-lo migrar para outro fornecedor. De acordo com Vargas, as empresas precisam buscar outras soluções antes de repassar os custos:

— As empresas estão tentando esticar essa hora de repassar o custo. Só que o empresário está em uma situação na qual não tem mais onde cortar.

O aumento das tarifas também vai diminuir a competitividade das empresas fluminenses, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Com o último reajuste, o estado passa a ter as tarifas mais caras de energia elétrica do Brasil. O quilowatt-hora (kWh) de baixa tensão (usada nas micro e pequenas empresas) na Enel e na Light é de R$ 0,975 e R$ 0,910, respectivamente. Muito acima da média nacional, de R$ 0,691. O kWh de alta tensão da Enel é de R$ 0,580, e o da Light é de R$ 0,564. A média nacional é de R$ 0,399.

— Além do aumento da tarifa de energia, sobe também o ICMS vinculado à tarifa. Isso acaba fazendo as empresas buscarem operar onde tenham condições mais favoráveis. Elas podem acabar migrando para outro estado e causando esvaziamento econômico do Rio — explica Vargas.

De acordo com a Firjan, um dos motivos para o estado ter a tarifa mais cara do país se deve à alíquota de ICMS aplicada no estado: 32%, contra 18% em Minas Gerais e São Paulo. Tatiana Áuria, especialista em Estudos em Infraestrutura da Firjan, teme alta do desemprego:

— A energia elétrica é um insumo importante e, para muitas indústrias, representa até 30% dos custos de produção, como nos setores siderúrgico, têxtil e de alimentos. Vai ser difícil as indústrias repassarem o aumento dos custos para os preços finais. Elas vão ter que absorver, e isso poderá gerar mais desemprego — diz Tatiana.

Ela acrescenta que, nos últimos cinco anos, o custo médio da energia para a indústria no Estado do Rio aumentou 88%, frente a 60% nos demais estados da Região Sudeste.


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