PT discute eleição indireta em caso de saída de Temer
SÃO PAULO — Apesar de manter o discurso em defesa da eleição direta, o PT já discute internamente qual seria a posição da legenda caso o substituto do presidente Michel Temer seja escolhido por deputados e senadores. Os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, o presidente da legenda, Rui Falcão, e quatro dos cinco governadores do partido se reuniram nesta segunda-feira para debater o posicionamento diante da crise.
O PT considera três caminhos a seguir em caso de eleição indireta: boicotar a disputa, lançar um candidato do partido para marcar posição ou aceitar um acordo com outras legendas em torno de um nome como o do ex-ministro Nelson Jobim com a condição que ele aceitasse desistir ou amenizar as reformas da Previdência e trabalhista.
Desde que o GLOBO revelou as denúncias contra Temer na semana passada, o PT vinha defendendo a realização de eleição direta como única saída. Mas a baixa adesão às manifestações do último domingo mudaram o quadro. A avaliação é que, pelo posicionamento dos partidos no Congresso, somente um maciço apoio das ruas poderia forçar a aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para viabilizar a escolha de um novo presidente pelo voto popular.
A questão só deve ser fechada caso Temer deixe o cargo ou seja afastado. Até lá, o partido continuará empunhando a bandeira da eleição direta. Mas alguns petistas já se movimentam para buscar articulações com outras legendas.
Um dos participantes da reunião desta segunda-feira, o governador da Bahia, Rui Costa, por exemplo, quer articular uma reunião com todos os governadores do país para debater saídas para a crise. O primeiro procurado por ele foi o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, com quem conversou no último sábado.
— Estamos buscando uma solução acima dos partidos — afirmou.
Costa admite que o caminho das eleição indireta deve entrar na pauta do encontro que ele tenta agendar ainda para esta semana.
— Eu, falando como governador que pensa no povo da Bahia e não como filiado ao PT, não tenho bloqueio com nenhuma proposta. Temos que considerar todas hipóteses, inclusive a solução que não seja eleição direta.
O governador baiano, que se queixa de dificuldade para buscar investimentos para o estado por causa da crise, se recusou a revelar qual a posição de Lula sobre uma escolha indireta do novo presidente, mas reconheceu que essa possibilidade foi debatida na reunião na sede do PT:
— Todas as alternativas de saída foram discutidas. O Lula está muito preocupado com a situação do país e no que ele puder contribuir vai contribuir.
Questionado se a sua proposta estava alinhada com a movimentação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que defende um acordo em busca de uma , Costa respondeu:
— A ideia eu acho que é a mesma. É reunir todo mundo para construir uma saída transitória para o país.
Após o encontro, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o partido vai insistir na eleição direta.
— Estamos defendendo eleição direta. Não vamos entrar em negociação
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